quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Passeio Noturno


      Continuo caminhando... Parece tão difícil de retornar a casa quanto seguir em frente. A impressão que o visual me passa é de não estar mais numa cidade brasileira. Uma parte do Brasil onde nasci; lugar que tenho direitos e obrigações e onde sempre me senti livre e seguro. Essa sensação me revela que ela ficou para trás e começa a se tornar apenas uma imagem em pequenos flashes amarelos desbotados que não se ligam uns aos outros. Tenho a suspeita que alguém me observa e aponta uma arma para minha cabeça o tempo todo. Continuo a caminhada e isso é tudo o que pareço sentir nessa angustia de um poço de loucura, no qual, do lado de dentro, não existe mais algo gentil a ser resgatado.  
    Se alguém me chama procuro não ouvir e apresso o passo. Finjo que não estou interessado em conversas sobre a situação política do meu país, a luta nas ruas do Chile, ou as manchas de óleo no litoral, muito menos a necessidade dos desvalidos. Se eu diminuo a marcha, muitos me olham - homens, mulheres, crianças, bichos da rua, brancos, negros, índios e pardos - observam-me demoradamente como se eu tivesse a solução mágica e objetiva do problema da hora.
     Eu converso comigo mesmo, sabendo que ainda preciso caminhar muitos quilômetros, como se acaso eu tivesse um propósito definido e realmente fosse a algum lugar que não existisse nada disso que presencio aqui. No entanto, nessa caminhada, preciso demonstrar agradecimento por ainda não ter sido assaltado, recebido um mata-leão, uma facada, tiro ou sido levado preso por desobediência civil. Pensar e agir assim me torna triste, mas logo vem um estímulo para apressar o passo. Sou uma pessoa marcada com um alvo nas costas, mas, por enquanto, ninguém ainda mirou nesse alvo e deixam-me caminhar livremente em meio ao mundo de degradação e podridão de cada esquina, esperando que eu me entregue naturalmente.
     Passo a passo chego à Praça da Sé. Vejo uma aglomeração; é uma feirinha chamada “feira do rolo”, onde se vende o que foi roubado, desde celular a cordão de ouro. Mais adiante passo por dois policiais fazendo a ronda em sentido oposto o da feirinha, mais perto da entrada do metrô. Desço pela escada rolante até o vão, tipo um corredor, onde do lado esquerdo ficam as catracas de acesso. Existem filas do embarque e um tumulto do lado de dentro. Pergunto a um homem da fila o que está acontecendo: “- Não é nada demais, senhor. Uma senhora com duas crianças tentou passar com os filhos num único giro da catraca. Os seguranças de preto viram e foram para cima dela. Ela se revoltou argumentando que as crianças são pequenas e não pagam passagem, então um deles puxou-a pelos cabelos, torceu o braço para trás e a colocou de cara contra a parede. Os outros seguranças apenas ficaram olhando e fazendo roda, protegendo a situação, enquanto o companheiro dizia absurdos no ouvido daquela pobre mãe que gritava o nome dos filhos. Mas, foi rápido. Já acabou. Depois do show eles liberam a mulher e as crianças.”. Resolvi sair da fila e me encaminhei para a escada rolante que sobe para saída dos fundos da estação. Há o aviso “Equipamento em manutenção”. Encaro a longa subida no esforço de passo a passo, de degrau em degrau, praticamente exausto e ficando encolhido, arqueado pelo que acabei de testemunhar. Do meio da longa jornada em diante levanto a cabeça e consigo enxergar uma luz azul iluminando o topo, como se estivesse me chamando para me inundar com suas energias renovadoras e tranquilizadoras. Ando mais um pouco e me deparo com a escadaria da catedral da Sé lotada de gente com marmitas de isopor nas mãos. Receberam a xepa do pessoal da entidade de caridade que toda noite estaciona o carro naquele local para servir os famintos sem-teto.
     Vivo essa experiência perturbadora e única quando percebo que dentro do plano geral não há lugar para eles. Foram abandonados pela família, pela sociedade e pelo governo. O que posso fazer para mudar isso? Nada! Pois assim são as coisas.
      Após terem passado anos eu me sinto saturado da humanidade, de experiências malfadas e do senso generoso, pretensamente humanitário, que pouco ou nada resolve. Em anos que tive momentos de lucidez fiz anotações que pretendia utilizar mais tarde, isso se tivesse oportunidade de que alguém as lesse e compartilhasse aquilo que vi e vivi. Durante muitos desses anos estive a ponto de fazer essa descoberta, mas de um modo ou outro, sempre consegui fugir da questão ao perceber que tudo o que acontece nessa vida tem a natureza de uma contradição. Sei que para alguns que nunca viram ou viveram isso, tudo pareça invenção e me perguntam se falo da minha vida. O que posso dizer é que tudo que imagino eu vi acontecer e, o que aconteceu pela história escrita na visão dos bem-nascidos, tudo poderá ser negado, pois eu mesmo não desempenho papel algum de destaque que possa ser usado como propaganda. Mas, mesmo que tudo que seja errado, odioso, maldoso e esteja fora do padrão social aceitável, mesmo que eu pareça um mentiroso e alarmista, ainda assim é a única verdade perante os olhos de todos. Porque no fundo há destruição e uma cidade com almas destruídas de alto a baixo, que acabam arrastadas pela loucura e pelo espírito de vingança e de rebelião que nunca irá acontecer, pois não serão capazes de erguer suas vozes e expressar seu ódio através da revolta e da legítima sede por sangue. Porque não são os miseráveis que se organizam para uma revindicação política, eles são o nada, não existem; são os da classe intermediária que o fazem quando perdem o emprego e não podem mais pagar a mensalidade do carro ou a escola do filho.
     Olha... São tantas pancadas da vida, com descobertas absurdas e situações subjetivas, que fica praticamente impossível diferenciar o mundo da alucinação do mundo real. É uma mescla do que vem de dentro com o que está fora, ela é tão bem equilibrada e arquitetada que tenho sempre a impressão de pesadelo. Aquele tipo de pesadelo que não se consegue acordar, que vem com uma dor no peito e suor escorrendo pela testa numa agonia infinita. Nesse pesadelo procuro algo em que me apegar, faço um esforço para me agarrar e nada encontro. Mas ao continuar procurando, num último esforço, encontro uma coisa que nunca busquei – eu mesmo. Descubro que aquilo que desejei toda a minha vida não era apenas viver – falo daquilo que os outros simplesmente chamam de vida comum – eu queria mesmo era me expressar. Com o passar do tempo percebi que realmente não tinha o menor interesse em viver, queria apenas fazer o que estou fazendo agora, algo que anda lado a lado com a vida, que faz parte dela e ao mesmo tempo vai além dela. Não me apego mais ao que é a verdade de uns ou de outros, ou o que é real. O que me interessa é aquilo que sufoquei durante toda a minha vida a fim de viver. Tudo mais que resta, ou vai além, se torna uma mentira.   
     Olho para frente e para trás e vou caminhando, experimentando novamente as sensações de uma cidade cruel e selvagem, a qual se move por drogas, prostitutas, ladrões e corruptos de toda espécie. Aí me sinto esgotado, espremido, consumido, comido por fora e por dentro, sentindo o nascedouro da insanidade que escorre por todo meu cérebro e explode em atitudes de inconsequência furiosa e reprimida que toma conta do meu ímpeto. Isso me faz rir de pânico, de tensão, do medo dentro de mim que me arrebata e me alicia. Um riso rouco, rangente, retumbante como um machado pesado que pudesse abrir caminho através da carne e dos ossos daqueles que culpo por todo esse drama. É muito complicado acompanhar e entender sensações estranhas projetadas em tantas visões de miséria sufocante. Eu estou administrando o medo de mim mesmo, a caricatura de um homem que acaba de levar um murro na boca do estômago e mergulha na insanidade. Em minha cabeça surgem sons isolados e dissonantes que vão aumentando, mexendo com meu inconsciente, me tornando catatônico ao ponto de nem piscar os olhos. É esse som triste que faz de mim uma pessoa soturna, uma pessoa que sofre, mas tem que demonstrar alegria e bom humor. É proibido demonstrar falta de coragem ou depressão, tem que se divertir com o sofrimento alheio, com a podridão e com a inércia de quem poderia fazer e não faz. Estou forçado a viver assim, dentro de tudo isso de mãos atadas, e sentir prazer com o sofrimento interno e externo ao parecer um individuo feliz e sem frustrações.
    Quando relato toda a dor que sinto é porque vejo o mundo liquidado com o rompimento da estrutura familiar e todo o transtorno social. A dor do sofrimento que homens e mulheres sentem por dentro quando se movem feito zumbis desnutridos para debaixo de suas cobertas, no refúgio do chão frio enganosamente protegido por papelão. Esses corpos fracos caminham pelas sombras nas ruas do centro, esgueiram-se pelos cantos como fantoches conduzidos por cordéis invisíveis. Usam os mesmos calçados há meses ou até anos, os mesmos trapos jogados nas costas em tons pastéis ou cinza e a mesma pantomima sob a chuva, frio ou noite quente de luar. Movem-se aparentemente com liberdade, mas sem ter para onde ir. Só num lugar serão livres de verdade, mas ainda não tiveram coragem de realizar aquilo que pensam todas as noites antes do primeiro sono. Aqueles que (com melhor sorte encontram um semi-abrigo) ficam encostados e protegidos sob as marquises, todos esses, sem exceção, um dia foram explorados e estão vazios, inclusive de alma e espírito. O que resta deles são apenas ossos, pele e sombras que ninguém enxerga. Vão se esgueirando pelos cantos a procura do que comer no lixo empilhado nas portas cerradas dos bares e restaurantes. O sustento vem das enormes pilhas de lixo podre nas esquinas, compartilhado com ratos que saem dos bueiros e rondam os restos humanos e as baratas que voam e pulam umas sobre as outras nas ruas abandonadas de fachadas pichadas e dizeres em códigos.   
    Tudo está acontecendo, fervilhando, mas parece que ninguém está sabendo. 
     Ando mais um pouco e sigo pela Rua Direita totalmente tomada por gente deitada em cada cantinho disponível, ao lado de suas carroças e cachorros. A rua fede. Um cheiro característico de mendigos e urina. A iluminação pública da rua é escura, desgastada, os tons em vermelho e amarelo são dos poucos letreiros das lojas que acabaram de abaixar as portas. Cruzo o viaduto do Chá. A paisagem do vale do Anhangabaú é de destruição: montes de terra, entulhos, concretos despedaçados; como se ali fosse uma praça bombardeada – imaginei a paisagem de Londres na segunda guerra mundial. Diante dos meus olhos cruzam no céu raios de luzes em cores vivas; amarelo, laranja, vermelho e azul. A fachada do teatro municipal está enfeitada. Há três enormes banners que cobrem toda a estrutura do topo ao chão anunciando o show de balé. A praça está limpa, não existe um único pedaço de papel no chão. Holofotes estrategicamente colocados na porta do teatro iluminam a chegada dos espectadores. Há fotógrafos e cinegrafistas de prontidão em busca da melhor tomada de cena. O tapete vermelho foi estendido sobre a escadaria que conduz diretamente ao hall interno. Alguns manobristas de Vallet estão enfileirados recebendo as chaves dos carros e saindo rapidamente para que a fila ande. Alguns carros mais luxuosos, dirigidos por chofer particular, param numa segunda fila exclusiva para autoridades, celebridades, empresários e patrocinadores. Os mendigos foram retirados do largo em frente e encaminhados para barracas improvisadas e um abrigo feito de contêiner enferrujado, ao lado de todo aquele entulho no vale do Anhangabaú, assim como as barracas dos camelôs também foram retiradas por fiscais da prefeitura e levadas para um Beco da Rua Barão de Itapetininga. Poucas horas antes vieram dois caminhões, um estilo pipa e outro de obras, o esguicho pipa lavou e higienizou todo o asfalto, as calçadas e os cantos de cada lado do teatro, o de obras pintou as guias de branco e tapou alguns bueiros e buracos na via. Foi feito um bloqueio com enormes cones e fitas em amarelo e vermelho que isolava o acesso de pedestres. Um contingente de policiais, com fardas impecáveis e armas reluzentes, postados de costas para o teatro, em todo o percurso da fita, deixando apenas uma pequena abertura para os convidados passarem. Ao me aproximar para observar mais de perto um policial me abordou, disse que eu não poderia ficar parado ali e indicou o caminho para longe, sentido ao metrô Anhangabaú. Obedeci e caminhei. Entrei no metrô e esperei na plataforma. O trem chegou, encontrei um lugar vazio no canto, encostei minha cabeça no vidro da janela e me pus a pensar tudo o que tinha visto e passado nessa noite.    
   Diante disso não é mais necessário fantasiar nada. Tudo está aí. Caso eu me apegasse às regras ninguém jamais teria acesso a esse relato. No entanto, ainda há milhares de detalhes para se estudar, ou julgar, sobre toda essa cena, a fim de que se possa absorvê-la, ou não. O sistema está errado do começo ao fim, mas nem é minha função criticar o sistema do qual eu também faço parte. Minha função é relatar. Pois estou no centro de um disco giratório que gira tão depressa a ponto de ninguém conseguir ficar parado por muito tempo em cima dele. Na lógica dos lá de cima não há nada de errado no mecanismo, tudo é excelente e magnífico. Para eles as coisas estão temporariamente desarranjadas para alguns. O desarranjo temporário pode causar roubos, injustiças, perversão e vandalismo. Ou, até greves e lamentos dos pobres idiotas que sofrem de ilusão por dias melhores, pregados com suas bundas magras nas latrinas, vertendo vermes e imaginando o túmulo de suas memórias que nunca serão escritas. Mas logo passa. É só um inconformismo barato e infantil.
    Se eu ousasse relatar tudo o que penso deste mundo, não restaria um só lugar onde pudesse me esconder. Pois, quando olho de dentro para fora, vejo um mundo vacilante que desmorona em suas falsas virtudes, um mundo desgastado e forjado em aço frio resistente a sensações. Um mundo que quando desmorona sobre nossas cabeças nos quebra a espinha e nos remete ao flagelo. 
     Se às vezes nos deparamos com palavras cruas que ferem, que nos explode por dentro e nos levam às lágrimas, sabemos que provém da nossa inércia, do puro ato de insensibilidade que só se inverte com essas palavras duras. Porém, nem sempre as palavras são mais fortes que o peso mentiroso e esmagador da falta de ação dos covardes com suas justificativas revoltantes. A verdade é que tudo está contido num olhar, no segundo em que tudo é visto, registrado e interpretado, mas nem tudo é possível de se descobrir sob a luz fraca da falta de significação de alguns, principalmente para quem nunca retira a venda dos olhos. Pois essa é a lógica da miséria e seu fruto é a incerteza. E, no fundo, pouco importa como alguém chega à verdade, desde que a agarre e viva por ela.






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12 comentários:

  1. É triste essa verdade.
    Mais como vc mesmo disse nos fazemos parte de um jeito as vezes sem querer, contribuímos para isso tudo.

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  2. É triste saber que as coisas não mudam ou se mudam é para pior. Entra político sai político e nada muda o caos que é essa cidade.
    Fiquei 4 anos longe de SPaulo e lendo seu texto me pareceu que tinha ido embora ontem...tudo continua igual. Pessoas jogadas ao léu, esperando o prato de comida da noite para não dormir de estômago vazio, sem esperanças, sem perspectivas, só perambulando, vendo os dias passarem.
    Do outro lado o teatro municipal, magestoso e cuidado quando tem espetáculo, para que as pessoas "chiques" que vão assisitir... não vejam o espetáculo de horror, decadente e triste que fica em volta dele todos os dias.p

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  3. Nós estamos tão individualizados e medrosos que já não nos importamos mais com a miséria à nossa volta e falta a garra, a força para levantar e lutar contra isso...lemos o seu texto aplaudimos mas não fazemos nada além disso.
    Acho que esse texto e a explicação do anterior...porque nos isolamos confortáveis em nossas 4 paredes atrás de uma telinha...é para não sentir medo, não ter vergonha de ver essa podridão toda e não lutar contra ela.
    "O que os olhos não vêem, o coração não sente"!
    Márcia .

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  4. Como viver numa cidade de pedra!
    Como ter sentimentos nobres com nossos irmãos, se não saimos do nosso conforto.
    A cidade amanhece e anoitece e pessoas como nós, andam perambulando nas ruas sem nenhum objetivo.
    Não acreditam no amanhã! Você acredita?
    Para poder "viver" eles se drogam, bebem e fi gem estar sozinhos, mas nós continuamos a passar ao lado deles, fingindo não perceber a dor alheia , ou se notamos, o que fazer,isso é problema das autoridades, não somos nós que estamos ali.!!!!!
    Muitas pessoas ainda dizem SÓ são uns bêbados!
    Onde está o amor ao próximo, onde está a sua solidariedade, onde está você, que não nota que seu irmão tem fome, tem sede, e a grande maioria não faz nada.!!!!
    O q são meia dúzias de pessoas a entregar comida?
    Por acaso você senta e ouve a história deles.
    Igual a nossa!
    Com sonhos de um dia poder encontrar a família, ter dignidade, que o mundo roubou!
    Mas...lá estamos nós estagnados!
    Passamos reto ou até atravessamos a rua para não olharmos dentro dos olhos desse irmão, que pede SOCORRO. ..Sonia!!!!

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  5. Abismo social. Estamos colhendo o que sempre plantamos, Não é minha culpa, nem sua, mas tudo vem acontecendo há muito tempo e ninguém se importa com a má distribuição, cada um olha seu próprio umbigo. Somos um povo ignorante, sem memória, que não sabe a própria história, esperando um salvador da pátria, egoístas e acomodados que somos, só queremos que alguém lute nossa guerra, pois nem nossa independência foi conquistada com luta e sim " proclamada " de acordo com interesses de alguns na época. É desolador andar pelo centro de São Paulo, um cenário tão rico, repleto de histórias, arquitetura, riquezas, tudo destruído, abandonado, descaso das autoridades, descaso do próprio povo, só a miséria e criminalidade, prevalecem. Eu sinto muito medo, insegurança, todos sentimos.Tive oportunidade de estar no Chile semana passada e vi o início das manifestações, que estouraram essa semana por lá. Vi muitas faixas, tanques d guerra na rua para reprimir manifestações de estudantes, passeatas ( que quase entrei junto só pra não perder o costume rss). Reforma da previdência lá está levando os idosos à miséria, até ao suicídio, custo de vida altíssimo, terceirização de todos oa serviços públicos, privatizações, salários baixos, ricos cada vez mais ricos. Olhamos isso e ficamos horrorizados assistindo o que acontece no quintal do vizinho mas na nossa cegueira não enxergamos nosso próprio quintal. Mesmo o chileno sendo um povo que lutou pela sua independência, tem orgulho disso, passou por uma terrível ditadura, conhece sua história, ainda,assim se calou por muito tempo diante de tantas mudanças e retirada de direitos. Mas agora estão acordados e cansados de tanta coisa errada. Vão à luta.E aqui? Sem perspectiva, tudo vai piorar, sou bem pessimista, pois só vejo expectadores, uma platéia que assiste o drama de seu país sem ter consciência, há ainda os que aplaudem. Realmente dá vontade de sumir. Terra de ninguém, o que importa pra maioria é ser melhor, que o outro, não aceitam igualdade, equilíbrio. Quem luta por direitos para todos e diminuição da museria e desdesigualdade é taxado de comunista, coisa que nem sabem o significado. Triste constatação. Boa noite Cláudia

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  6. Um texto complexo uma realidade dura e crua. Complementar seu texto ou comentar seu texto ? Nao sei, sinceramente. Por anos fiz um trabalho de acompanhar pessoaz em situação de pobreza extrema, pessoas vulneráveis a situação social deste país, país esse muito rico, tão rico que nao éramos pra pintar esse cenário real,visível,chocante,vergonhoso e choroso, éramos pra ser exemplo. Voz embargada vontade de gritar simmmmmmm temos Mas Quand O parte o faz nao faz por causa de um todo faz por si só. Nao posso me exclui como diz o professor Karnal eu nasci neste país e só tenho aqui não tenho dupla cidadania se aqui afundar eu afundo junto.
    Então não posso torcer contra tenho sempre que acreditar que pode melhorar que podemos melhorar.

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  7. Por anos trabalhei com pessoas com vulnerabilidade social, nada fácil, depois parti pra trabalhar com crianças e adolescentes, que tb nao é facil. Hj trabalho ainda com crianças e adolescentes mais crianças de inclusão. Bem nada é facil me sentia muitas vezes uma formiguinha mas acredito na transformação a longo prazo pois acredito nas formigas e ontem eu era uma hj temos mais, isdo é muito importante.
    O prof. Karnal disse uma vez que nasceu nesta terra chamada Brasil aqui é sua terra, nasceu cresceu vive e que diante do colapso que vemos esse nosso país atravessar sem perspectiva nenhuma ele não t plano B não t dupla cidadania entao se esse barco chamado Brasil afundar ele afundava junto. E eu tb .... Eu tb não tenho plano B ,mas, temho esperança e acredito num futuro não muito distante

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  8. Encarar a nossa realidade dessa forma é realmente assustadora.
    Mas infelizmente é a pura verdade.
    Quantas e quantas vezes passamos pelo centro e nos deparamos com vários mendigos sentados na frente do teatro Municipal.Sabemos que o Centro é lotado de pessoas nessas condições. Pensar que os nossos governantes não fazem nada para melhorar isso, me dá nojo sabia?Como eles podem fechar os olhos ao que acontece lá e fingir para os outros que tudo é lindo e maravilhoso!? É realmente muito triste. E o pior de tudo é que nós somos coniventes com tudo isso, pois não fazemos nada para melhorar essa situação. Eu sei que a quantidade de pessoas que vivem nas ruas é muito grande, mas tudo isso é reflexo da situação do nosso país.
    Realmente encarar isso é muito vergonhoso! Parabéns autor, mais uma vez vc nos fez refletir sobre a nossa triste realidade. Bjs Lilian

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  9. É extremamente triste e angustiante andar pelo centro de São Paulo. Um lugar abandonado,repleto de lixo que se misturam a seres humanos...o cheiro ruim é forte e mais forte ainda é a nossa impotência diante de tamanho absurdo. As pessoas passam apressadamente desviando daqueles seres quase desfalecidos, inertes, vivendo total situação de
    abandono e descaso por parte dos nossos governantes. É uma situação degradante,triste que a cada dia se torna mais grave, pois vão se aglomerando cada vez mais pessoas vivendo nas ruas procurando um momento de "alívio" nas drogas. Triste retrato de um Estado tão rico e ao mesmo tempo
    tão pobre, de governo,de acolhimento decente, de Humanidade.
    ¹


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  10. Enqto lia seu txt, a imagem do q está escrito ia passando pela minha mente e tive a sensação de q era exatamente a msm q passou pela sua ao escrevê-lo. A agonia foi tnt q tentei desviar o pensamento, fazendo uma viagem no tempo, procurando retroceder até uma época em q td era mais fácil e bonito, ou pelo menos parecia através da visão de jovem q vê o mundo em cores vibrantes sem atentar para o verdadeiro acinzentado q se agiganta a sua frente cd vez mais... Até consegui chegar naquele mundo colorido em q a única preocupação q havia era garantir um boletim com boas notas ao final do bimestre!
    Mas confesso q, por mais q tentasse, não conseguiria encontrar o portal divisor dos tempos! E, por um momento, senti sdds daquela época... (q pareceu tão distante!) Onde foi q td mudou?
    Hj, qdo olharmos a nossa volta, vem aquele nó na garganta e a vontade de gritar "pare o mundo q eu quero descer!"
    Mtos fazem vista grossa pra não encarar a realidd; outros nem por perto passam pra não encarar a responsabilidd; outros ainda tentam acalentar estas pobres almas suprindo-lhes alguma necessidade momentânea do jeito q podem, mas sabendo q no dia seguinte a história se repetirá... E tal situação se repete de maneira q chega a ser encarada cm uma normalidade do dia a dia, uma rotina pra quem vive e pra quem vê!... Difícil entender tnt discrepância social e sentir-se de mãos atadas diante de misérias e incertezas!
    Seu txt é chocante e realista!

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  11. Muito triste, estos vivendo tudo isso, presenciando em cada esquina que andamos no centro da cidades, eu costumo dizer que a cidade está uma podridão, porque as pessoas se encontram desta forma, moradores de ruas, tudo fedendo e coisas podres , isso é culpa do governo, pois veja o que virou essa cidade e ela está tão podre quantô a política do nosso pais cada vez crescendo mais na podridão e sim as pessoas são seres humanos e precisam ser cuidado e amei seu texto a colocação que foi feito por você

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