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sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

O Gado

     Eu sei que não está sendo nada fácil e que talvez nada de útil eu possa lhe dizer que ainda não saiba sobre todos os problemas diante dos nossos olhos incrédulos. Nós sabemos das diferenças, das dificuldades e de todas as desavenças que estão acontecendo - ou nem tanto - e que o tempo para sair de tudo ainda parece muito difícil. Penso comigo: será que alguns desses momentos tão complicados um dia não passaram pelo íntimo de cada um de nós antes de tudo acontecer? E se passaram, será que anteriormente e depois disso muita coisa não foi mudando dentro da gente? Algum lugar mais profundo do meu ou do seu ser não teria mudado enquanto estávamos tristes e apenas vivíamos um dia após o outro como se o amanhã nunca trouxesse mudanças ou esperanças? 
    Pois é... Saiba que são extremamente perversas essas tristezas levadas adiante - sem perdão - quando se tenta explicar a si mesmo as atitudes daqueles que um dia agiram de um jeito tão filha da puta com a gente, e que não sabíamos de nada antes de tudo vir à tona. Isso aconteceu como uma doença a qual não se dá muita importância e os sintomas desaparecem de repente e, depois de um tempo, ressurgem pior do que poderia se imaginar e vai ao fundo da alma, a tudo que se possa julgar incorreto formando uma emaranhado de situações difíceis de entender - destes que repudiam os outros e se perdem aos poucos em suas ambições. 
     Ahhh, se fosse possível enxergar além dos curtos limites da pura ilusão... Talvez o saber indicasse o caminho certo vindo dos pressentimentos, e com isso haveria mais confiança para suportar essa tristeza e indignação. 
    Há um momento em que algo novo entra na gente, algo que é completamente desconhecido: novos sentimentos com aquele gostinho de má interpretação de sinais. Todos ao redor podem convergir ou recuar diante de um enorme silêncio da novidade aparente que nem era tão desconhecida assim e que surgiu no noticiário dia após dia; novidade que se ergue pouco a pouco, caladinha, e bate lá dentro quando o humor novamente muda para pior. 
    As tristezas com o passado nem parecem momentos de tanta tensão, diante do desastre causador de paralisia, justamente porque de determinado momento em diante aconteceu a sensação de perda de rumo com uma novidade de manhã, de tarde e de noite; e num único relance todo o sentimento, que parecia tão familiar é abandonado novamente quando há a transição de onde não se pode sair ileso. Eis porque toda depressão demora a passar: ela entra, vai fundo e penetra no coração da gente até machucar a alma. Talvez por outros motivos inconscientes à nossa própria  vontade de acreditar e de ser feliz ela nem esteja mais lá no fundo - já tenha se diluído nas memórias do ontem que se foi, afinal de contas hoje existem novos motivos. A certeza é que nunca se pode saber exatamente o que há de verdadeiro nas sensações e suas motivações. Facilmente alguém poderia dizer que nada demais acontece se a gente não quiser que aconteça, no entanto, as cicatrizes ficam e novos machucados aparecem fazendo questão de mostrar a cada dia o porquê do transtorno e estranheza durante tanto tempo com essa situação interminável.
     Muitas vezes, num momento de calmaria e de pouca importância, ou aparentemente sem significação, é que a visão de algum futuro entra em nós, uma visão mais próxima da vida normal do que antes, e assim novamente tudo se sucede como um grande acontecimento de redenção. E quanto mais possível for olhar para si mesmo de fora, com um olhar de neutralidade e paciência, mais profunda será a conquista por um destino feliz. E quando no dia seguinte ele vier a acontecer – isto é, quando os bons fluídos saírem de nós para chegarem aos outros – com toda certeza nós os sentiremos tão próximos e unidos que nem daremos conta que o tempo tão esperado de igualdade para todos demorou mas chegou. 
É preciso – é uma construção que aos poucos tem que se desenvolver no sentido lógico, emocional e espiritual da vida – e nada de estranho irá nos acalmar, exceto aquilo que já estava lá dentro há muito tempo - a nossa vontade de usufruir de uma vida digna.
      É necessário reconhecer com isso que aquilo que alguns chamam de “destino e atitudes” está dentro de cada um de nós, e com as noções relativas daquilo que se pratica no lugar que cada um tem dentro da sociedade. Muitas pessoas não conseguem perceber o que delas sai, talvez isso tenha mesmo acontecido conosco aos sermos tomados pela cegueira - o que levou receber isto que vem dos palácios, das côrtes, dos discursos, das promessas, das leis, da repressão, da censura, dos debates e desse ímpeto incontrolável dos canalhas por poder e dinheiro. Porém, ao parecer o quanto estranhos e confusos todos nós estamos, não percebemos o que de nós sai e o que nos falta para reagir verdadeiramente, porque a inércia demonstra que ainda não absorvermos com real intensidade o destino que nos é oferecido. 
     O julgamento de cada um sobre cada momento insólito leva à opinião de que nada igual já houvera acontecido. Por isso sempre surge um movimento em busca de uma solução tão próxima que nunca chega para um futuro promissor - engraçado como às vezes sorte e destino não combinam muito bem nessas ocasiões, não é mesmo?  
      O medo interior se carrega de nos manter nessa inércia e nos engana o tempo todo, quando o melhor seria admitir que estamos completamente sós, e que todos os pontos nos quais nos apoiávamos antes com relativa segurança, foram retirados. E assim ficamos entregues ao inominável como se estivéssemos sendo arrastados pelos ares e caindo como uma pedra despedaçada e nada fôssemos além de pó. 
      É claro que de momento em momento alguém sempre inventará uma mentira enorme para acalentar o estado dos sentidos primordiais, fazendo com que todas as medidas, distâncias e transformações se alterem na conveniência daqueles que insistem em continuar se prevalecendo em detrimento da maioria. Para sair disso é preciso coragem. No fundo, mas bem lá no fundinho mesmo, a única coragem que parece que dispomos é a coragem inconsciente de aceitar na total plenitude a própria existência, e que tudo é possível dentro dela para sobreviver, para o resto prevalece apenas a insegurança e os desmandos aos quais estamos submetidos. A coragem diante do absurdo e a força inerente à massa, é exigida em determinados momentos para a superação. Somente quem já está preparado para tanto, quem não exclui nada, nem mesmo o diferente, e nem aceita tantas mazelas e desmandos, poderá viver algo empolgante e vivo em busca de uma real mudança dessa situação. 
     Ao redor de nós criaram laços e armadilhas que nos angustiam e atormentam enquanto permanecemos calados e trancafiados dentro si mesmos. Todos os abismos, perigos e incertezas também foram criados assim. Se, por causa disso fosse possível basear a organização da vida, segundo o princípio que aconselha sempre o isolamento social, tudo o que parece estranho agora se tornará muito difícil depois - e poderá chegar um desamparo ao ponto da sociedade inteira implorar auxílio. Deve-se então imaginar que algo de novo deverá acontecer, por que a sociedade não esquece, como alguns  pensam insistentemente. A vida ainda nos segura e não nos deixa cair no desamparo e falta de esperança. Por isso não vale a pena tentar fazer de conta que não existe inquietação, traumas ou decepções, pois não há como saber por quais motivos isso foi bom para o aperfeiçoamento social. Muito menos viver na auto-penitência com a cruel pergunta do por que o mundo é assim tão injusto para alguns? 
     Não tema... Tanta coisa já aconteceu, seja paciente e mantenha a confiança que a mobilização definitiva terá a hora certa para acontecer. Creia que há dias em que nada se pode fazer senão esperar para não tirar conclusões com antecipação daquilo que ainda não aconteceu. Pense alto, pense que mais que os erros que condena, e aparecem como um vício na esteira da vida daqueles que estão lá em cima, grande parte da culpa de tudo é da permissão que demos para nos acorrentarem como escravos ao destino cruel sem que houvêssemos pedido. Sabe de uma coisa? Muitas vezes uma ação se torna uma necessidade que não se pode evitar e poderá ser acolhida pela vida com uma habilidade dolorida, no entanto, essa ação não poderá naufragar pelos nomes dados pela regras da sociedade, pela educação ou pela ética comportamental a determinadas atitudes, e sim pelas intenções por detrás delas. Mas logo em seguida, quando tudo passar e voltar ao normal, a ordem será resgatada em silêncio pela chegada da grande vitória do povo marcado a ferro e fogo. 
     Sem esclarecimento e união jamais é possível triunfar, pois, se assim fosse, o triunfo seria apenas uma reação moral sem significação ampla e sem um rumo para o futuro; com conhecimento e a união despojada de interesses escusos sempre existirá a oportunidade de encontrar uma parte da vida que se desconhecia até então. 
   A vida exige sempre o abandono do degrau anterior para alcançar o próximo, eis porque agora é preciso entender que a luta nunca deixará de ser difícil em busca do melhor para todos e não apenas para poucos privilegiados que conduzem o gado ao seu bel prazer e conveniência.

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