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sábado, 19 de outubro de 2019

O Virtual e o Real

     Estou cá com meus botões imaginando como a vida é estranha. O quanto somos injustos e indiferentes com os outros, e a nós mesmos, com nossas reações diante das facilidades da modernidade.
     Fiquei horas pensando que a principal e mais antiga forma de expressão é a palavra através da fala. E que em seguida vem o contato físico, o olho no olho, o toque, o aperto de mãos, o abraço, o beijo...
     Essas são relações de afeto que cumprem uma função muito importante para o convívio do ser humano e seu bem-estar. Sendo uma forma original e verdadeira, pois, na palavra escrita, muitas vezes nos cobrimos de máscaras e dissimulações e nos tornamos personagens.
     Infelizmente por mais sinceros que sejamos sempre caímos no mesmo erro de esconder os sentimentos - talvez seja uma das piores fraquezas do ser humano. Essa ação afeta a todos os tipos de personalidade, desde apaixonados a covardes; dos sem senso de iniciativa aos traumatizados. E no final todos esses indivíduos acabam relegados a um quarto, isolados do mundo, vivendo uma vida de farsa e fantasia na internet.
     Ás vezes eu não entendo a razão de tanto isolamento e menos ainda as mudanças no que  se habituou chamar de estilo moderno de vida. Não compreendo a escolha de algumas pessoas que vivem trancafiadas, se achando seguras no próprio mundinho, já que minha tendência é de vivência coletiva, não de dividir mas de ajuntar, colaborar e confraternizar. Acho tão saudável a socialização real!
      Na vida virtual, na qual dispomos muito do nosso tempo, parece-me praticamente impossível tratar assuntos sérios e falar dos prazeres ou dos hábitos do dia a dia com alguma verdade - já que o que vemos são lindas fotos de passeios caros ou banquetes de reis em cima da mesa. Essa vida virtual parece inconstante, frágil e relegada sempre a uma realidade oposta ao “EU’ real.
     Esse isolamento passa a impressão de uma imposição social e de costumes, uma necessidade de se mostrar bonito, importante e realizado; fatos de causar imediata inveja e vontades. Inclusive naquelas fotos da família, reunida em confraternização, dando a falsa impressão de que não existe um escudo para as dificuldades do mundo aos filhos ou entes queridos porta afora. 
      É lógico que é muito mais fácil teclar com alguém do que falar diretamente com a pessoa, demonstrando o que sente por ela ao vivo e a cores. Também porque ao teclar raramente você demonstrará sua emoção verdadeira ou o que diria frente a frente, ainda que desfile desaforos ou faça elogios à beleza ou à personalidade desse alguém. 
      Para quem é mãe, mesmo tendo a maior parte do seu tempo preenchido com correrias e responsabilidades de todo o tipo, ainda é muito mais conveniente manter os filhos com a babá virtual do que correr atrás deles na rua ou passar mercúrio nos machucados dos joelhos e cotovelos. As crianças hoje não empinam pipas, nem jogam bolinha de gude, nem colecionam Barbie, elas praticam e são experts em jogos virtuais. Desde muito cedo desenvolvem a mentalidade de que cada pessoa deve estar focada em seus interesses particulares e prazeres imediatos, nunca em preocupações comuns de um grupo, o qual proporcione interação ao modo antigo. Triste egoísmo e  individualidade! Câncer(es) da sociedade.
      É uma pena que a internet favoreça tanto esse aspecto da individualidade em contraste com a cumplicidade e participação pessoal. Houve um tempo em que vivi, no qual poderia ir à casa de alguém e nem era necessário avisar, muito menos marcar hora, ia chegando e sendo muito bem recebido com um sorriso e um convite espontâneo: “Entra, senta, fique à vontade. Quer uma água ou suco?”. 
     Hoje tudo tem que ser marcado, tem que consultar o outro antes, confirmar se não tem compromisso, tem que ver a previsão do tempo, - se for mulher, namorada ou amiga - tem que saber com antecedência os dias da TPM, o que evita levar uma porta na cara ou algum ato de hostilidade do tipo: “Quem é você? Não lembro de ter feito convite para vir aqui!” Radicalizações à parte. Tem gente que é mesmo muito mal educada no trato com quem diz gostar, mas isso é assunto para outro post, rsrsrsrs.
    Cabe aqui uma pergunta: Nós mudamos ou o mundo mudou? A educação, a cultura, a evolução dos meios tecnológicos e de informação instantânea mudaram as pessoas e seus interesses? Talvez eu não tenha uma boa resposta para parte do enigma. Observando melhor parece que esse excesso de informações e tecnologia colocou todos em um confinamento eterno, como bonecos em uma cadeira giratória criando pneuzinhos na cintura que são provocados pela auto-escravidão virtual. Aí sim, posso acreditar que um pouco de tudo isso contribui para a falta de atitude e socialização. 
     E assim vamos ficando cada vez mais trancafiados em nosso mundinho, vendo a vida passar pela tela do Smartphone, notebook ou PC. E o pior que ainda achamos que vivemos uma vida segura e de qualidade.
         Tem gente por ai que nem se lembra do quanto é gostoso sentir os raios do sol na pele num passeio no parque, ou então que as flores aparecem na primavera e são lindas de se ver e tocar.
       Reconheço que também tenho alguns desses maus hábitos, estou procurando mudar e a vida só muda quando você muda. Estou tentando o máximo para que isso aconteça.O pior é que quando a “ficha cai” vem o pensamento:" Será que vale a pena mudar agora? Talvez seja tarde demais após 10 quilos de gordura em excesso e 10 anos a menos para viver".
       Com esse pensamento reconheço que a idade reforça algumas manias e alguns medos, tornando-as mais evidentes. Hoje minha tendência ao isolamento ficou mais clara, às vezes tenho a impressão que sou alguém rodeado por tranqueiras e tralhas obsoletas, e nunca por amigos. O que tenho de mais moderno e boa companhia são o celular e o notebook. 
     No celular converso no Whatsapp  e ouço música, ambas atividades solitárias. Observo o mesmo em outras pessoas quando estou em transportes públicos ou nas ruas. Pessoas solitárias com o fone de ouvido conectados em seus celulares, vão se isolando cada vez mais.    
     Não existe mais paquera. Como paquerar alguém com fone de ouvido? Não existe mais pedido de informação. É quase uma ofensa pedir à pessoa que retire uma "perninha" do fone para você perguntar o nome de uma rua, já que você dispõe em seu dispositivo de Google Maps e Waze.
        É mesmo um fato melancólico se nos lembrarmos que poucos anos atrás as pessoas se juntavam para andar em grupos, conversar as novidades da vida de cada um, ir ao cinema da praça ou até mesmo para ouvir um disco.
       O que acontece hoje é sinal dos tempos. Tempo em que você pega tudo na internet, busca arquivos e baixa. Tem mp3, mp4 e o raio que o parta. Nunca se sabe a origem, se veio do seu vizinho ou de alguém lá no Japão. Você entra na grande teia, repassa arquivos, fotos, músicas e também nem imagina que caminhos aquilo fará até chegar ao destino, talvez até passe em Marte e volte à terra sem que você saiba. E a vida sem interação física continua. Eu vi num filme tosco dos anos 50 que até os marcianos andam juntos. 
      Imagino que esteja pensando que parece incoerente que eu fique aqui criticando a isolação que o mundo virtual provoca nas pessoas, porque é também a minha ferramenta. Claro! Em parte você tem razão. Graças a ela conheci gente que jamais conheceria de outra maneira. 
      Mas não posso deixar de ressaltar que atribuo grande parte de todo esse conflito ao que isso fez com as pessoas, tudo muito programado e óbvio, pessoas quase robotizadas e escravizadas pela máquina. Claramente existem outros fatores, como a vida profissional e demais conflitos da vida de cada um, mas, em minha opinião é essa preguiça por tudo na mão, por tudo mastigadinho, desde uma fórmula química complicada, até a imagem do cosmo com apenas um click na telinha, o que torna as pessoas pouco esforçadas em aprender a se relacionar eliminando a indiferença ao outro que pode estar tão perto fisicamente.
       Vejo algo bom nessa vida virtual, cultivo amizades e desenvolvo conhecimentos, estou conectado com o mundo e com o universo através de ondas eletromagnéticas que se espalham pelo céu. 
     Vendo por este ângulo jamais ficarei solitário, já que em algum momento alguém em Marte poderá receber alguma mensagem minha. Tenho quase certeza, esse alguém virá até mim para um bom papo sobre como é a vida fora do mundo ao qual pertenço. 


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