quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Eu, Vocês E Os Anônimos Aqui Presentes

     Certa vez uma leitora chegou a comentar que devido ao meu perfil arrojado, eu mais parecia uma metralhadora giratória pronta a ferir sensibilidades - o que talvez, por isso, eu acabasse sofrendo alguma pressão de eventuais desafetos. Eu esperei para ver no que dava, e não deu em nada. 
   Considero uma pena algumas pessoas não tentarem descobrir o que está nas entrelinhas, o que não se mostra a princípio. Mas cabe aqui um mea-culpa, já que em muitas situações faço de um jeito que passem despercebidamente.
   É bem verdade que em alguns dos meus textos há algum despudor no vocabulário; algumas metáforas com descrições muito originais que assusta uma pessoa mais sensível logo de cara. Porém, é fácil perceber, se tiver paciência, que vai ficando cada vez mais denso, cada vez mais fluente no clima e nas descrições sombrias ou sexuais, ou a busca de um sonho impossível numa fantasia boba. Fato é que da metade para o final você acaba se envolvendo por aquele, ou aquela, personagem em toda sua solidão inconformada, e com todos seus excessos que acabam percebidos nas entrelinhas, porque essa solidão é da  “pessoa em cacos”, alguém oco que tem o mundo diante de si mas que odeia a tudo e todos e tenta passar a imagem oposta. E naquilo que descreve vem a imagem de algo muito palpável, aterrorizante e, quando não, muito próximo de cada um de nós. Nessa espiral cada personagem vilão ou vítima, apesar de nunca existir 100% de um ou de outro, continua até o final numa existência de solidão incessante. E apesar de que eu tente mostrar isso como apenas mais um dos aspectos humanos tão inerentes a nós mesmos, o fato é que a descrição, em relatos tão vivos, é, a meu ver, a aceitação do próprio destino de cada personagem em não sair do círculo vicioso.
   Talvez fosse possível imaginar que em outra época minhas crônicas devessem ser malvistas pelo vocabulário de baixo calão. Ou, quem sabe, pelo olhar sombrio do narrador para com o mundo cruel que destrói todas as relações. Mas, ele, só por ele mesmo, desenha em linhas tortas um arquétipo do próprio escritor! Que, diga-se em parte, faz dessas descrições uma tensão que leva ao inconformismo e ao âmago do seu ser. 
   Se uma crônica começa com alguém que coloca a mentira, a maldade e o sexo como prioridades, em algum momento essa personagem abandona tudo e opta pela solidão a favor da mais profunda negação do seu mundo cruel, que despedaça sonhos e boas intenções impostas pela sociedade.
   O baixo calão usado por mim em algumas cenas talvez possa ser entendido com algum lirismo, o tipo de lirismo dos grandes escritores que faz chegar ao sublime ou às lágrimas, dependendo do humor de cada um. Aparentemente, em minhas crônicas que tratam de alguma relação insólita e pouco provável, não existe um começo cronológico ou mesmo um final, pois um nova crônica se emenda à outra como se fossem fases e visões de ângulos alternados. As transformações que indicam o começo e o final de cada etapa são interiores, posso até dizer que não existe um tempo físico da primeira crônica publicada por mim para esta atual, são sim, como dito, várias reflexões esparsas que formam uma ideia que passa por várias nuances. Para alguns pode parecer uma estrutura bem complexa, mas, eu acredito, seja fácil de ler e entender. E apesar de correr o risco de cair na repetição procuro não fazê-lo, apesar das críticas de que discorro sobre mesmos temas.
   Sei que existem crônicas que podem ser fascinantes ou enfadonhas. Fato é que, por uma dessas coisas inexplicáveis da energia do universo, eu sinto as mesmas coisas, a mesma porrada ou a mesma meiguice que muitas vezes pode atingir cada qual que continua lendo o que escrevo, e isso me traz um efeito de recompensa. 
   Sei ainda que há quem queria outros temas mais complexos publicados neste blog ou que divulgue meus escritos pelo maior número de redes sociais possíveis - tudo vem como um bom conselho. 
    No entanto, percebo que não bastam as descrições de sexo, não bastam palavras impróprias para corar o rostinho de alguém, não basta apenas uma narrativa real a respeito de um artista da música, -- ainda que seja meio forçada -- como enredo para chocar. Não, não! Tudo tem que estar em harmonia, tal qual um livro lindo que desperta um bom sentimento e elogios logo na primeira página. 
    Pois é.... Mas em meus textos coexistem, lado a lado, ligados por um elo sem fim, a falta de sentido da vida, a tristeza, o medo, a solidão e a esperança. Pode parecer terrível, mas é assim mesmo. Só diante de tudo isso que é possível alcançar o belo, a felicidade e a diversão. Se em meus contos utilizo alguma crueldade que faz alguém imaginar a infelicidade que pode ser a vida, digo-lhes: continuo sendo um felizardo por me fazer entender.
   Eu imagino que quem me acompanha há muito tempo sabe que “peguei pesado”, e talvez tenha até pecado pelo excesso de ousadia, pouca cautela e nenhuma covardia. Eu sei que estava em vias de comprar algumas brigas pelo caminho, mas sei também que, ao mesmo tempo, dei voz a vocês, pessoas cansadas da mesmice; do politicamente correto; do falso moralismo; e daquele tipo de gente cínica que simula postura nobre enquanto, por baixo dos panos, destila profundo ódio, preconceito, falsidade, inveja e rancor de tudo e de todos.
    Porém, a realidade aqui é outra: é lúdica. Eis o motivo em nunca pensar muito ao publicar o que escrevo. Porque, entre vocês e eu, não há nada, nenhuma censura, teatro ou encenação. É como se fosse uma brincadeira de criança. Aquilo que realmente acredito defendo, e o que efetivamente penso, escrevo. Creio ser esse o meu principal diferencial, meu trunfo, em meio a tanta gente preocupada em agradar demais os outros.
   Sei muito bem que seria desnecessário dizer essas coisas, por ser este um pequeno blog independente, e somando-se a isso o fato de ser o meu “abrigo virtual” onde solto meus "bichos".
   Porém, ao me sentir blindado de ameaças de alguns detratores inconformados com a minha postura, o meu grau de ousadia só tende a aumentar. Eu confesso que isto me inspira muitíssimo.
    Pareceu-me bem claro que a comemoração de alguns por minha ausência em publicar textos foi prematura demais. Não pretendo dar sossego aos inimigos, - a prole de infames, ícones da hipocrisia; aqueles que falam sobre tolerância e amor, enquanto tratam os outros com ódio e rancor. Serei sempre a pedrinha em seus sapatos, aquele que diz o que pensa e não teme que leiam e se arvorem em pesadelos e rumores baixos.
    Diante disso, o foco principal do meu blog continuará sendo o amor e a busca da própria identidade em textos sobre comportamento, sem nunca deixar de lado o aspecto cultural através da música e da arte. Idem aos valores da sociedade, pois entendo que tudo isso é fundamental para o ambiente em que a liberdade deve continuar prosperando. Aqui continuará sendo um espaço de resistência contra o avanço da barbárie dos boçais de plantão com seus ideais políticos fascistoides. Um ambiente virtual de alerta à civilização e ao comportamento infame, uma reação a tudo que nos agride de alguma forma, e que é vendido como bom só por estar na moda, por dar status ou boa aparência. Saibam de uma vez por todas que o olhar preconceituoso – sem ética e sem estética – não tem vez aqui, pois eu continuo sendo um diamante em estado bruto encrustado na pedra, difícil ser lapidado pelo sistema.

  Agradeço muitíssimo a quem sempre me prestigia com a leitura, agradeço mais ainda a quem dedica um pedacinho de tempo elaborando e publicando aqui seus comentários maravilhosos a respeito de cada tema. 

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6 comentários:


  1. A primeira vez que li seu texto fiquei admirada ,inclusive, lembro q achei excelente.
    No segundo, embaralhou minha cabeça, pois tive q ler e reler para chegar a uma compreensão.
    Agora, no quarto ou quinto texto, acho que realmente vc escreve o q sente , ou o que lhe incomoda, nesse mundo com tantas pessoas fúteis e inúteis.
    Qualquer assunto bem desenvolvido, pode sim,ser muito fascinante , interessante, porque de coisas enfadonhas o ser humano esrá cansado de ouvir ou mesmo ler, como vc nesmo escreveu, tudo tem q estar em harmonia.
    Observei também que quanto mais denso e tenso sào os textos, mais vc se realiza como escritor, pois faz o outro pensar e repensar na sua vida e como poderá fazer a diferença nesta sociedade.
    E também é bom dar voz àqueles que acham q nunca poderiam expor suas verdades.
    Encontraram no seu blog uma maneira de extravasar o q pensam(através dos comentários dos seus textos) diante desta sociedade tão medíocre e caótica que se apresenta atualmente
    Sonia.

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  2. Os artigos às vezes me confundiam um pouco, não sabia se o autor amava ou odiava, admirava ou desprezava...
    Aos poucos fui observando que às vezes, dependendo de sua inspiração, começava encantado por seu personagem, então era romântico, sensual e carinhoso, mas no decorrer, via nesse muita hipocrisia, mentiras, covardia, falsidade e a máscara de pessoa boa e de bem com o mundo e suas mazelas ia caindo, causando decepção. É quando o autor endurece o discurso, passa a ser duro, irônico e até agressivo.
    Já em outros textos, começa pouco inspirado pelo personagem, acha ele comum e sem graça, desdenha do mesmo. Mas aos poucos olha na alma do mesmo e vê garra , determinação vontade de se superar e viver plenamente, ser ele mesmo, sincera e honestamente. É aí que o compreende e se encanta, passando a justificar suas ações, é seduzido e se apaixona. Muda o discurso agressivo e debochado para um totalmente apaixonado, cheio de sensualidade que mexe com a nossa carência. solidão e fantasia. Tudo isso incomoda , pois aponta o dedo na nossa cara ou enfia ele na ferida que pensávamos cicatrizada. Afinal somos um pouco de tudo. Mas é muito bom essa provocação, nos faz refletir. Fingir ser bem resolvido , ser superficial é fácil, duro mesmo é conquistar uma vida plena. Boa noite. Cláudia

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  3. Qdo expressamos publicamente nossa maneira de pensar, seja através de um txt, pintura, desenho, livro, poesia,..., estamos nos despindo e expondo nosso íntimo ao julgo popular e ficando sujeitos à críticas inesperadas e mtas vezes desagradáveis.
    Ao expor uma opinião, devemos ter em mente a provocação q aquilo causará e, consequentemente, estarmos preparados para o retorno, q pode ser uma generosa troca de experiências, cm tbem pode gerar uma infinita troca de farpas.
    Claro q, cm vc msm lembrou Sr. Autor, o blog é seu e por isto tem facultada a liberdd de usar as palavras cm considerar melhor. E eu, cm leitora e admiradora dos seus txts, vejo a necessidade de lembrá-lo q "quem diz o q quer, ouve o q não quer"!
    Não estou querendo fazer uma crítica destrutiva a vc. Eu apenas estou considerando q, a liberdade q vc tem para colocar aki as suas idéias não é diferente do arbítrio de cd um q vem aki prestigiá-lo. Nem sempre aquilo q estamos querendo dizer é entendido da maneira q queremos q seja, pois a interpretação depende das experiências de cd pessoa e do momento em q ela está vivendo.
    Mtos irão se identificar ou se emocionar com suas publicações, assim cm outros irão condená-lo, Sr. Autor, são ossos do ofício!
    O q realmente vale é expor sua opinião, cd um com a sua verdd e, acima de tudo, respeitando as diferenças um do outro!
    Bjsss!!!

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  4. Bom...quando alguém dá voz as pessoas através de seus textos e blogs.
    Você consegue expor nossos sentimentos através de suas palavras.
    Outras vezes ao ler seus textos, com personagens arrogantes...situações picantes...até mazoquistas....nos faz pensar...sou assim? Estou agindo assim?
    Dá para fazer meio que um "exame de consciência"...rs...
    E também faz pensar...como será o autor?
    Seus textos são algumas vezes...fortes...indignados com situações de política...vida...outras os textos são apaixonados, magoados, sofridos...
    São somente personagens ou tem um pouquinho do autor em cada um?
    Mas de qualquer forma são ótimos, adoro lê-los
    e fico sempre no aguardo do próximo...parabéns !!
    Márcia.

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  5. Antes de mais nada,quero deixar bem claro que somos livres para expressar nossos pensamentos quando quisermos.
    Não creio que os seus textos perturbem alguém,pelo contrário. São textos bem criativos e com temas bem atuais. Muitas pessoas se identificam com o que vc escreve.Muitas vezes vc fala por nós.
    Todo mundo tem direito de falar o que pensa. Além do mais vc não obriga ninguém a ler seus textos. Tudo bem que as vezes vc pega pesado, mas qual o problema nisso?!Pelo menos vc tem coragem de falar e expressar o que pensa, sem falsidade e nem hipocrisia .Eu adoro ler seus textos e com certeza vou continuar me emocionando e me identificando com eles. Por isso vou continuar dizendo Parabéns autor.
    Quem não gostar, sinto muito, não leia!!! Kkkkk Bjs. Lilian

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  6. Patricia Ramos Sodero21 de outubro de 2019 às 22:11

    Boa noite,Sr.Autor!Como sou uma das suas leitoras antigas,posso dizer que,no início,era bem difícil entender o seu vocabulário,rico em palavras,que geralmente são depositadas em textos por escritores de grande inteligência,e que,justamente por essas e outras grandes características,são escritores.Acredito que cada um tem sua forma de descrever o que acham de um determinado tema,como também,escrever uma linda estória de amor.O momento é o mais promissor a qualquer titulo.Agora,ainda mais quando o blog lhe pertence,tem o direito de falar por nós,colocar suas opiniões.Cabe aos leitores o respeito e o debate saudável da coragem que tem de expor,seja pesado ou não.Acredito que ás vezes faça mesmo de propósito para mexer com a intimidade de cada um de seus leitores e ver qual o impacto que seus textos dão.Eu continuo a ler e a estudar cada um deles,mesmo quando acho um ou outro com palavreados fortes e críticas pesadas.Parabéns mais uma vez,por fazer seus leitores refletir que todos tem o mesmo espaço.Até o próximo!Bjsss...

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