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quinta-feira, 9 de agosto de 2018

O Pecado Capital Parte 05

                  Episódio 5 (O paradigma Filosófico)  

      Sei que as minhas imagens poderiam ser mais belas ou sem cargas emocionais tão densas que confundem um pouco; pena que não seja possível.
     Tudo foi sentido de uma forma intensa e cruelmente triste por mim desde o rompimento com o Léo.
     Mesmo que ainda existissem muitas controvérsias, a única coisa que restou foi viver seguindo a trilha traçada pelo destino até o tempo de conhecer Gustavo.
     Assim as coisas aconteceram no ritmo certo e eu pude novamente dar andamento ao que havia ficado parado.
     O que fiz e como agi poderia até parecer uma forma simples demais para justificar certas atitudes. Todavia, foi a única forma que consegui encontrar para driblar a depressão.
     De vez em quando sinto que estou caindo, sempre caindo.
     Em pensamentos loucos vou imaginando as minhas partes internas apodrecidas, ressecadas e esfarelando como se existisse um câncer se espalhando e devorando sem trégua.
     Do nada tudo some da cabeça e de relance vejo que os panos brancos estampados com motivos eróticos, que forram a cabeceira da cama, estão manchados com tinta vermelha escorrida da madeira velha que cobre a parede.
     Nada aqui nesse hotel é como antes.
     Toda matéria-prima foi sendo lentamente destruída pelo tempo.
     Não sei quantos anos já se passaram da última vez que estive nesse mesmo quarto com Léo. Talvez, uns dois, cinco ou, quem sabe, oito anos; época em que eu ainda podia ouvi-lo sussurrar meu nome em seus sonhos. Agora o ambiente parece esquecido e com um clima constante e incansavelmente triste.
     O tempo presente é de Gustavo e corre sem marcação alguma.
    Não existe mais aquele relógio de pulso do Léo em cima da mesinha de canto, bem ao lado dos nossos celulares e com minha bolsa jogada por cima ou, muito menos, qualquer outro detalhe particular daquelas ocasiões cheias de entrega e prazer. Tomam lugar, só os nossos objetos de agora escondidos à meia-luz.
     Agradeço ao Gustavo por ajudar a superar meus traumas.
     Ele, com muita insistência, me fez enxergar que existia uma nova possibilidade depois do acontecido com o Léo.
     Sou muito agradecida pelo que fez.
     Penso duas vezes como vou conduzir nossa situação daqui em diante, mesmo porque nosso relacionamento começou em segredo, devido aos meus pais acharem que eu precisava me curar e, principalmente, amadurecer emocionalmente antes de  me enfiar novamente de cabeça em algo sério com alguém - eles em hipótese alguma queriam presenciar e, muito menos, administrar uma nova fase de sofrimento com um rompimento inesperado.
        A novidade é que a cada encontro com Gustavo sempre descobria coisas diferentes nos projetos inusitados que elaboramos juntos. É uma pena não ter tido aonde pudesse anotar tudo o que ele me falava com tanto entusiasmo. Como teria sido bom um bloquinho e uma caneta nos passeios ou ao lado da cama nesses momentos!
     Quando dou por mim reparo que o único amor que possuo é o amor por esse lugar decadente e as lembranças daquele passado com o Léo, ainda que o Gustavo esteja a ponto de acordar para novamente nos entregarmos ao sexo com tanta disposição como se o mundo fosse acabar amanhã.
     Tentei várias vezes mudar de local nos encontros com Gustavo, mas não adiantou - estou presa aqui como se estivesse num buraco.
     Eu me sinto como se fosse uma enorme árvore com raízes firmemente fincadas ao chão. Apenas esse chão de hotel tem a enorme capacidade de emitir sinais que são captados por minha intuição infinita.
       São por esses lapsos de fantasia e imaginação que tudo insiste em parecer tão complicado e ao mesmo tempo tão simples em minha mente.
     São as eternas imagens do céu e das estrelas em confronto de sombra e luz, misturadas à escuridão que me rodeia e, aos poucos, vão se apresentando como o baile das galáxias se chocando nos princípios do meu eclipse notívago.
    Tudo parece eterno e sublime na mais pura distração nostálgica do tempo.
      Essas imagens são tão comuns como dos corpos nus e dispostos a tudo em busca do prazer.
     Ao redor, os vidros embaçados do teto e das paredes laterais continuam formando as imagens distorcidas dos movimentos; os dois corpos nus vão rolando e praticamente caindo pelas beiradas.
     Há o som das molas rangendo e do ritmo batucando no alto-falante ao estilo da nova dança.
    É então que os corpos aquecem o ambiente no momento em que as pernas se entrelaçam e buscam posições confortáveis. Nisso vem o puxar e empurrar mais forte para dentro, cada vez mais dentro e fundo. Ficando mais apertados e grudados como as duas faces de um velcro. Quando as pernas afrouxam um corpo sobe e outro desliza e se separa. Num estalo aparecem como o concavo e o convexo e se chupam, se lambem até que todo o líquido de cada um se grude na boca, no rosto e por toda a face.
     Cada qual, muito cuidadosamente, com a ponta dos dedos tocando as partes mais sensíveis e interessantes por algum tempo e em seguida, incontrolavelmente, se colocando novamente entre as pernas um do outro, erguendo os quadris como num balé, agarrando e escorregando as mãos pela cintura e pelas costas.
    Então, os pedidos daqueles desejos que se tem apenas nessa hora, aparecem sutilmente quase como apelos que vem do fundo da alma:
     - Eu gosto mais devagar e depois mais rápido. Assim, assim, assim... Isso... Força! Mais força! Isso! Venha por cima de mim como um cavalo de raça porque agora sou sua égua!! Me chama de sua puta!!! Grita meu nome bem alto!!!
     - Diga para que eu possa ouvir: "Sarah você sempre será minha!".

     Olhos nos olhos, os corpos tremendo, balançando.

     - Assim, assim... Isso... Se ajeita melhor! Não pare! Passe o dedo nos meus lábios... Quero um beijo... Um beijo longo...  A sua língua bem dentro da minha boca...Eu adoro esse cheiro de sexo que vem dos movimentos...

     A cavalaria chegando em galope, o toque leve no bico do peito...

    Apertando sem machucar... Molhada por dentro e por fora, êxtase, tesão...

    Mais uma vez tudo travado lá dentro como a cadela no cio que apela ao chamado do instinto natural.

     - Assim... Mais um pouco... Fechando as pernas... Quero sentir "ele" me apertando... Tá machucando? Tira e põe se incomodar ...
     - Agora. Assim, assim mesmo, mexendo devagar, não deixa sair... Mais um pouco... Forçaaaaaa!!! As minhas coxas te bloqueiam? Isso....“Ele” está deslizando bem, entrando, saindo.... Não deixa sair! Vou aliviando a pressão só um pouquinho... Isso... Hummmm que delícia!!! Eu quero sempre desse jeito... Seja carinhoso comigo, por favor, não pare agora, aperta minha bunda... Fique imóvel por um instante, só apertando... Não se mexa... Ainda não... Pronto!  Agora vaiiii!!! Mexe rápido, me aperta, mexe mais rápido até eu gozar.... Não pare....

     O meu céu parecia repleto de fogos de artifício e estrelas cadentes. Uma viagem onde se vê o sol numa planície além do mar e todo o cosmo. Não existem mais fronteiras nessa hora, nem razão para o sofrimento, apenas a razão em si norteando minhas sensações nos movimentos e no instinto da natureza com a graça do prazer.

      Enquanto os corpos iam no sobe e desce, o meu olhar estava em busca do infinito; como se fosse aquele momento da consagração da vida eterna no céu e na terra.
     A nossa poesia não era escrita e nem declamada, era feita de imagens silenciosas nas impressionantes atuações.
      Na verdade todo esse momento faria mais sentido quando visto em várias dimensões - de onde se pudesse movimentar os ângulos e as energias atemporais que comandavam o nosso desejo.
     O nosso tempo natural era o nosso tempo sem fim na entrega dos corpos e dos carinhos que poderiam ser perfeitos - único lugar onde nos encontrávamos reconciliados e preenchidos pela dança da esperança de um novo alvorecer.
     Era a fé na vida e na eterna dualidade que nos movia por sinais divinos do mundo que criamos.
     Projetos humanos e intuições poéticas preenchiam o momento em que Deus esteve presente em nossos pensamentos e nos nossos atos.
    A visão de Deus profetizou o apocalipse dos nossos sonhos na eternidade.
     Então fomos levados para transcendência de um tempo que jamais compreenderemos -  porque ir além dessa lógica atingiria diretamente a alma em trânsito.
    Um novo nonsense absoluto em nossos atos foram vistos e revistos por esse prisma futuro na dobra do tempo!
     A minha origem cristã nunca chegou a compreender a verdade do caminho da graça e do perdão.
     Por isso, tudo novamente me foi revelado de forma consciente e sutil nos sonhos; reconheci sua presença na sombra oculta da vaidade humana e no verdadeiro significado do paradigma filosófico da vida através das minhas loucuras.
                                                 
                                                     (Continua)

Cansado e Velho

Minha história gira em torno de mim mesmo, — uma vida quase nas portas do delírio na mente de muitos —, com o intuito único de conti...