quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Voo Livre, finalmente!

     O tema de hoje é especial. Quem já viveu algo semelhante irá se identificar e entenderá perfeitamente minha motivação.
     Eu acredito que existem duas coisas que nunca devemos abrir mão em qualquer relação: confiança e respeito.
    Não há sentido em permanecer numa relação onde prevalece a dor. Quando isso acontece você se submete por um tempo sem fim, não apenas à situação imposta, mas também ao sofrimento pela falta da própria autoestima.
      Pensando assim, vou me dirigir mais objetivamente a você, que saberá muito bem que tudo isso lhe servirá em alguns trechos como uma roupa bem ajustada.
      Quantas vezes você se sentiu "por cima" e achava que podia tudo e sabia de tudo?
       Ou por que acabava sempre resistindo às transformações impostas em cada relação que se envolvia? 
       Talvez você nunca tivesse ouvido falar que existisse a transitoriedade nessa vida, ou de que nada é definitivo.
       No entanto, vê agora o mundo se transformando, pessoas mudando, gente como você criando o seu próprio exílio, a própria prisão quando nega a tudo isso.
         Existem tantas coisas lindas a serem vividas, mas, de repente você, - quem diria: logo você - se prendeu àqueles valores antigos, ao seu trabalho ou ao seu lar que vivia fechado a sete chaves aos recém-chegados.
         Até que ponto você usa a sua crença para justificar essas atitudes? A vida real hoje que se apresenta diante de si é bem diferente, não acha?
         Eu percebi que certas noções geram um tipo de preconceito enraizado aí dentro desta cabecinha. Um comportamento elitista e radical por quem não compartilhava suas ideias; ou por quem não se ajustava às suas expectativas. Pior, por quem não fosse da sua classe social ou intelectual. Isso desenvolveu uma fobia tão forte que a isolou dos outros. O que se parece com motivações de pânico ou de obsessões injustificáveis que ainda carrega.
      Eu noto que você sempre teve medo, medo de perder o seu mundo particular das velhas estruturas corroídas.
      A sua vaidade foi uma cria ruim diante deste mundo. O seu mundo dominado. Desde família, trabalho e relacionamento amoroso – e desmoronou aos poucos quando rapidamente o que não servia era jogado fora como entulho em enormes sacos de lixo. E olha que isso lhe deu um trabalhão danado!
      Diga-me: o que adiantou manter-se assim tão protegida nessa falsa ilusão de segurança?
      Antes do castelo de areia ruir, você manipulou as pessoas o tempo todo, não foi? Um jogo de manipulação por chantagem emocional baseada em ameaças de rompimento. Você fez o jogo de vitimização e tirania para que as pessoas tivessem dó ou medo de você – fez direitinho para que passassem uma borracha em cima dos seus erros e aceitassem esses erros como uma fraqueza humana.
       No jogo de manipulação você se colocou no centro com uma postura de vítima incompreendida, fazendo aos poucos com que as pessoas ficassem condoídas com o seu drama. Ao se sentir sufocada por tanta atenção reclamou que não largavam do seu pé. Mas, foi você que as fez assim, ainda se envaidecia do interesse destas pessoas ao lhe procurar para saber de você. As marcas de arrogância, prepotência e vaidade a deixaram com uma máscara difícil de tirar. E, infelizmente, os que lhe conheciam aceitaram esse seu lado por um tempo – e quebraram a cara ao final.
      Você precisava a todo custo vender essa imagem de injustiçada pela vida para ganhar algum tipo de vantagem e impor o temor. E isso foi manipulado por você com recebimento de sentimento de valorização. 
     Saiba que não é preciso gerar medo nos outros para ser valorizada. Você gerou uma dependência e depois ameaçou tirar aquilo que doou com sinceridade apenas aparente. Nunca soube de verdade o valor que receberia se fosse respeitosa e demonstrasse merecer confiança e, então, fez esse jogo sujo, um jogo de dados viciados que caem sempre com mesmo lado para cima.
        Mas um dia a sua derrocada começou. Isso fez a sua postura tornar-se ainda mais solitária, - talvez por um motivo que nem saiba explicar - e seus admiradores acordaram e viraram inimigos de uma hora para outra. A autoimagem cristalizada permaneceu assim por um tempo, calcada no status material da vida familiar construída pelo esforço de quem você nunca valorizou de verdade, mas que lhe apoiou sempre. A mesma autoimagem assim mantida, tornou-se a sua sentença porque, no fundo, nunca soube como se fazer feliz e levar a felicidade ao outro.
       Talvez nunca teve verdadeiramente o equilíbrio emocional para lidar de forma positiva com os desafios e atitudes que fizessem bem a você e a todos, refletindo essas ações em qualidade de vida.
     Imagino como se sentiu ao descobrir que se tornou falada na boca dos outros, e até certo ponto famosa, por suas más condutas.
      Quero lhe dizer que os problemas são amigos da gente, eles servem para o nosso aprendizado e crescimento.
      A vida foi feita para lidar com desafios, mas para isso é preciso sair do ninho e aprender a voar.
      É muito comum encontrar pessoas tristes ou depressivas; outras com timidez, raiva e insegurança por medo da mudança. A imagem que você sempre tentou vender de si mesma escondia algumas dessas fraquezas.
      Por medo de rejeição acabou sendo vítima da sua própria condição emocional - quando numa situação de decidir ou explicar alguma coisa a alguém, sempre dava uma resposta ríspida e desproporcional à leveza do assunto - eram as perdas não resolvidas dentro de si que falavam mais alto. Talvez saiba disso agora.
      Por uma ironia do destino, você sempre foi muito competente profissionalmente na sua área (com uma inteligência privilegiada), porém, acabou tendo menos chance de crescer e liderar, porque não tinha competência relacional. Outros, com menos estudo ou até aptidão, sempre conseguiam um cargo acima do seu enquanto você ia ficando para trás.
       Você era uma pessoa tóxica no ambiente de trabalho e por pouca coisa tornava-se explosiva, rude no trato e com feedback negativo. E assim os colegas se afastavam e em pouco tempo você perdia o emprego. O mesmo acontecia no relacionamento social, familiar e amoroso, quando as pessoas evitavam passar algum tempo ao seu lado.
     Ninguém nunca esteve muito preocupado em saber dos seus traumas ou assuntos mal-resolvidos do passado - nunca lhe deram a atenção necessária nesse aspecto da vida quando você precisou de cuidados. E talvez por isso, não conseguisse mudar os seus hábitos desrespeitosos recheados de mentiras e fantasias.
      Pensando nisso você foi se sentindo cada vez mais rejeitada e injustiçada.
      Até que um dia, depois de muito bater cabeça e receber vários nãos, encontrou a sua própria forma de trabalhar e viver socialmente.
     Agora sim! Isso lhe deu alguma satisfação, mas ainda faltava a total recuperação da confiança perdida em sua capacidade anteriormente débil de socialização.
      Então, depois de um longo sumiço para viver praticamente no anonimato, criou coragem e deu às caras na internet. Os traços físicos não mudaram muito desde o tempo que ficou lá atrás. Confesso que gostei do que vi, mas o sorriso era o mesmo: aquele sorriso fechado de pouca expansão na leve expressão. O semblante bem saudável, -  fruto de novas perspectivas e sonhos a serem realizados - grande demonstração que superou a postura antiga e se mexeu dando um passo adiante.       
      A vida lhe ensinou e o seu mundo mudou. Isso é muito bom! 
      Os valores de respeito pelos outros (e por si mesma) tomaram conta do seu pensamento. A prática de novas atitudes que demonstram confiabilidade mudou o seu foco. A arrogância e prepotência deram, pouco a pouco, lugar à humildade e ao senso de observação com mais amplitude e verdade – parou de mentir para si mesma e ignorar os outros.
     Creio que agora existe menos vitimização e tirania e menos imagem de quem "se acha por cima". Prevalece o senso de compreender e aceitar melhor o jeito das pessoas e suas necessidades. 
     Não foi bom aprender ao transmitir confiança e respeito? Não é dando que se recebe?
     Puxa vida. Que bela mudança ocorreu em você!
     Um forte sacode pode transformar alguém que viveu muito tempo num antigo ninho construído em sal achando que era de pedra, não é mesmo?
     E assim o seu novo mundo se fez quando finalmente aprendeu a bater asas em busca de novos horizontes.
    Eu fico daqui, só olhando à distância, (deveras, com muito orgulho por ter feito parte desta mudança). 
    O seu voo livre finalmente é de quem encontrou o seu próprio caminho de aprendizado e de mudança interior.




9 comentários:

  1. Concordo em partes, mais não podemos viver presos a crenças do homem mais valores de Cristo

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  2. Eu conheci algumas pessoas assim. Eu não me identifiquei com o texto, mas reconheci algumas pessoas nele. Pessoas que não dão valor a quem está ao seu lado.
    Acho que quando são assim,elas vivem sozinhas e solitárias. Não acredito que essas pessoas mudem. As que eu conheço não mudaram até hoje e não creio que irão mudar.
    Esse texto serve de carapuça para muita gente! Kkkk. Parabéns ao autor!!Bjss Lilian

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  3. Quantas pessoas que cruzam nossos caminhos, e carregam dentro de si todos os tipos de sentimentos negativos.
    E....pensam que são as donas do mundo, e vivem com a máscara da hipocrisia.
    Acredito muito que a vida nos dá muitas lições e numa dessas param de olhar para o próprio umbigo e renasçam.
    Tudo isso ocorre se elas quiserem realmente mudar, (como se deu com o texto apresentado).
    Aí sim, as máscaras caem e podemos conhecer quem está diante de nós.
    Simples assim!
    Só o querer de fato! Sonia

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  4. Concordo que não há sentido em manter relações que carecem de respeito, honestidade, admiração, construção da auto-estima e aceitação do outro como ele é. Já cedi demais e também Já cedi de menos por puro egoísmo, imaturidade ou vaidade. Já convivi de perto com a arrogância de quem acha que sabe tudo e se acha melhor que o outro ou que só vê defeitos e erros naa atitudes alheias, também vi de perto a religiosidade e hipocrisia, coisas difíceis de tolerar. Engoli muitos sapos ao longo vida. Acho que a gente vai arranjando nosso jeitinho de se preservar e se defender, que aos olhos de alguns que não conhecem sua história pode parecer arrogância, às vezes..Mas felizmente somos muito adaptáveis e inteligentes o suficiente para mudar pensamentos e posturas. Nem sempre a gente acerta. Acho que quem está aberto há ceder, fazer mudanças, admitir que erra, que tem medo, cai e levanta várias vezes, aceita esse processo metamorfico tem mais chances de se encontrar e ter seu lugar ao sol. " Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. (Raul Seixas)" Vivendo e aprendendo. Claudia

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  5. Patricia Ramos Sodero3 de outubro de 2019 às 00:44

    Olá,Sr.Autor!Acredito plenamente que,em uma relação,seja ela de qualquer grau,não possa crescer se não houver primeiramente o respeito.Esse processo de pessoas se acharem superiores,só faz com que o tombo,no sentido de aprendizado,seja maior e mais doloroso.Para que possamos aprender algo nesse mundo,precisamos apenas ter a autoconfiança e postura de entender que não precisamos passar por cima dos valores de ninguém.Falando mais diretamente,não precisamos fazer das costas de ninguém,nossos degraus.Somos seres humanos.Erramos,caímos,levantamos,damos cabeçadas,e temos o direito de nos corrigimos.Mas para dar certo,a humildade tem que vir em primeiro lugar.Esses ingredientes,que são apenas uns de tantos que existem,com certeza podem contribuir para um novo vôo em nossas vidas...um vôo com novas visões e maneiras de agir com o próximo.Quando alguém acompanha uma transformação em outro alguém,é prazeroso mesmo!Fazer parte de melhorias na vida de alguém é recompensante.Um belo texto,onde refletimos para fazer algo de melhor em nós mesmos.Até o próximo.Bjs.

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  6. Acredito que cada indivíduo seja um conjunto..personalidade...valores recebidos...meio onde vive...isso vai formando seu caráter...ao longo da vida...nem sempre somos assim por vaidade, orgulho, maldade. Prova disso é a mudança de atitudes ao longo do caminho...alguém disse.."ah seu eu tivesse a experiência que tenho hoje à 20 ou 30 anos atrás, tudo seria diferente"...não seria...porque foram os erros de antes que te deram a experiência de hoje. Não sejamos implacáveis no julgamento...os erros de ontem contribuem para as mudanças de hoje. Márcia.

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  7. Quantas pessoas nos fizeram bem por um tempo e quantas nos fizeram mal que pensamos durar para sempre,mas o pra sempre não existe é só ilusão ....Erramos,caímos,levantamos,damos cabeçadas,e temos o direito de nos corrigimos.Mas para dar certo,a humildade em reconhecer isso tem que vir em primeiro lugar.Um vôo com novas visões e maneiras de agir ISSO é valido a partir do momento em que podemos decidir em fazer as melhorias interior e deixar de sermos auto críticos nos achando incapazes ou nos auto punindo deixando que as más experiencias nos cortem as asas...Os erros de ontem são os nossos conselheiros e melhores direcionadores para o futuro...Amaar dá trabalho, começar e recomeçar também dá mais vale tentar.Silvana

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  8. É meu amigo confesso que me identifiquei com algumas coisas, mais conheço pessoas que a discrição tem muito a ver. Tá de parabéns.

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  9. Pessoas tóxicas ,contaminam a gente de tal maneira que muitas vezes ficamos parecidos com elas,de tanto conviver com essas pessoas.Quando nos libertamos e que vamos o quanto estávamos presos, com as asas cortadas.A liberdade do voo livre e maravilhoso!!!

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