Até Quando?

        A atual e crítica situação econômica que aflige o nosso país, às vésperas do retorno dos nobres parlamentares do vergonhoso recesso "branco", exige reformas urgentes e gera uma grave crise política. 

     Ocorre na população uma onda de desencanto com a queda do poder aquisitivo, arruinando o comércio e empobrecendo a mesa do brasileiro comum.

     Sabemos que nesse momento a crise econômica se junta à política, com demissão de ministros e de integrantes da comissão da verdade, a qual investiga independentemente do partido no poder, torturas e desaparecimentos na época do regime militar, vindo ocupar o lugar gente que já defendeu em artigo público o famigerado regime militar e a ditadura no período mais crítico de 1968 até 1978 com AI5 vigorando, e também outro que é réu em processo em Santa Catarina.

     Outro absurdo é que pressionado pela crise, o presidente do Brasil, elege os Estados Unidas como exemplo e tenta entregar nossas riquezas do sub-solo e também território estratégico para construção de bases militares.  Foi esse mesmo governo que extinguiu a lei da reciprocidade, assim favorecendo acesso livre de estadunidenses sem a necessidade de visto -  e também de canadenses e australianos - mantendo, como antes, o brasileiro como cidadão de segunda classe, já que para nós é necessário o visto para entrar nesses países.

    A recusa de Jair Bolsonaro em entender que o brasileiro é um cidadão igual a qualquer um de outro país, provoca manifestações populares, inclusive, com algumas pessoas, em condição financeira diferenciada da maioria, partindo para outros países na tentativa de nova vida. A instabilidade no Brasil é grande.

A Constituição tem sido todos os dias ofendida por nosso presidente em seus arroubos descontrolados de grosseria. Demonstra falta de controle, de educação e de respeito com imprensa e pessoas comuns. 

É incrível que sua família sempre ocupe diversas áreas do poder público,  protegendo uns aos outros, enquanto limitam ações que visam trazer mais transparência a todo o sistema político, e ninguém se manifeste por isso ou pela indicação do filho surfista para embaixador em Washington. Chamar de democrata um governante que monopoliza o Estado e sua máquina administrativa em favor de seus consanguíneos, no qual a população só tem voz nas urnas, é um tanto demais. Um abuso, um absurdo!

    O presidente e seus filhos defendem o estado ditatorial e a repressão política através de ideias que funcionariam muito bem dentro dos quartéis ou nas comunidades cariocas controladas por milicianos mancomunados (segundo a imprensa) com amigos e familiares da presidência .

    É interessante sempre lembrarmos que a ditadura civil-militar no Brasil foi marcada pela extrema violência com a qual foram combatidos os opositores do regime. Prisões arbitrárias, torturas, estupros e assassinatos foram realizados pelas forças militares e policiais no país. Desde o primeiro momento, direitos políticos foram cassados, instaurando ainda uma rígida censura aos diversos meios de comunicação e à expressão literária e artística da população.

     As características principais dos ideais filosóficos e políticos do nosso presidente são esses citados acima e, enquanto ideologia instituída no poder, derivaram-se das ideias desenvolvidas no período de exército e depois nos 28 anos de deputado do baixo clero, no qual não teve nenhum projeto apresentado. O controle da população por meio de sua ideologia neo-facista disfarçada de nova política de costumes é uma de suas principais ferramentas. O uso da internet via tweeter é decisivo nesse processo para que as ideias sejam propagadas. A perseguição e desqualificação dos não aliados é um desses objetivos. O ódio aos que são contra sua intenção de nova doutrinação da sociedade de classe média ou baixa, a quem ele atribui veladamente a culpa por vários problemas que o Brasil enfrenta, sobretudo problemas de ordem de capacitação profissional e falência econômica, intensifica-se mês a mês após sua posse. Esse fato e desleixo podem culminar com a morte precoce de milhares de crianças em estado de inanição, devido aos mais de 12 milhões e oitocentos mil desempregados e outros tantos desalentados do nosso país (a maioria, sem qualificação profissional ou de baixa escolaridade).

    Associado ao estado de inércia e falta de aptidão para governar, está com ele a noção de preconceito racista, de gênero sexual e eugenista que se dá através de seus discursos que revelam que só os com doutrina militar tem inteligência e superioridade. Muito irônico e contraditório o discurso daquele que veio do baixo clero e se tornou presidente dentro de uma conjuntura que jamais se repetirá. Ou ainda, imagina ele, que esteja acima da lei se intitulando homem de prática religiosa e temente a deus? Uma, entre tantas farsas, essencial para obtenção de apoio dos evangélicos na construção de um “espaço vital” para que desenvolva seu ideal de governo. Esse espaço vital compreende várias formas de abordagens e de convencimento da população menos esclarecida, como fazem as igrejas neo-pentecostais, católicas e demais. Seu caráter demonstra a cada dia que está mais para um ímpio do que qualquer outra coisa.

     Em algum momento as  ideias de Jair Bolsonaro convenceram sim, e trouxeram uma luz para boa parte da população brasileira, que acreditou na sua figura de líder autoritário e impoluto, e isso seria a garantia de uma nação próspera, segura e triunfante. São todas essas mesmas características mencionadas nesse texto que poderão conduzir o Brasil à bancarrota se não houver um basta. Não vejo bons horizontes com um capitão conduzindo o barco sempre direto à tempestade, um capitão ignorante ambicioso e deslumbrado com o poder, alguém que nunca leu e não respeita nossa carta magna e muito menos os limites mais óbvios de postura do líder máximo de uma nação.  Até quando isso vai? 

   Temo pelo pior, pois desse jeito a coisa não acabará bem, nem para ele e menos ainda para o povo servil.