terça-feira, 25 de junho de 2019

LIÇÕES

    
     Cito, logo de início, a frase de Bertolt Brecht da peça teatral “Aquele que diz sim”: “O importante de tudo é aprender e estar de acordo”. Creio que esta citação ilustra bem o tema a seguir.
   Vamos lá então...
   Vejo que todo mundo quer acertar e ir em frente; e assim conhecer alguma outra nuance da vida ou seus mistérios. Não é mesmo?
   Porém, nem sempre dizer sim significa estar plenamente de acordo com determinadas situações, ainda mais quando existe o conflito moral atrelado aos costumes, isso desde quando nos conhecemos por gente. E nesse caso a moral está praticamente fadada a falhar, quando se entra num conflito em busca da melhor solução ou quando nos sentimos inseguros.
   Dentro dessa coisa de tentar acertar, quebrando paradigmas impostos, é preciso entender motivações para saber onde está a causa dos problemas que tornam mais difícil uma decisão.
   Às vezes o palpite, ou a opinião de alguém em forma de crítica, pode ajudar nessa parte. E tudo depende muito de como se escuta a mensagem passada.
   Por mais que uma crítica tenha o sentido da maldade, muitas vezes ela está detectando uma coisa significativa que não percebemos em nós.
   “Imágina, eu não sou assim!”
    Sabe por que isso acontece?
    Porque quase sempre não temos noção de como é a gente com a gente mesmo, ou como funcionamos e nos posicionamos diante de circunstâncias delicadas. A gente acha que sabe tudo, mas, no fundo, temos uma visão errada em como as pessoas nos vêem verdadeiramente – vivemos durante anos num modelo de ilusão para o conforto do próprio ego.
   Quando se está envolvido de verdade consigo mesmo, tentando acertar primeiro lá dentro e depois com o mundo, acaba-se vivendo num observar-se e compreender-se bem melhor - não desmoronamos diante de qualquer manifestação de crítica; e apenas pensamos naquele feito como um aprendizado.
    O ponto de vista muda quando a honestidade com a gente mesmo prevalece - apesar de ser uma coisa muito difícil de ser praticada.
     Por isso que no decorrer da vida tem-se sempre a tendência a ser cruel com a gente mesmo, com uma série de auto-sabotagens. Aprendemos a desenvolver culpas e castigos como autopunição, por ter feito algo assim ou assado, coisas das quais sempre nos arrependemos depois.
     Fala-se dos outros porque é bem mais fácil enxergar os defeitos alheios. Isso é bastante terrível, porém ninguém é desonesto com outros se não for consigo mesmo primeiro. O caráter das nossas ações se baseia no modo como a gente se trata e isso reflete nas outras pessoas através de atos bem previsíveis.
     A causa mais aparente está sempre na questão da ideologia do ideal.
     Existe em nós a ideia fixa do “tem que ser”. Um pensamento desenvolvido através daqueles tempos de aprendizado na infância, e que chega forte à fase adulta. Juntando-se a essa ideia do “tem que ser” vem outra mais forte, e o seu nome é “deveria”. Aí dizemos a nós mesmos, ou aos outros: “Deveria” ser de outro jeito, “deveria” pensar o contrário, “deveria” se adaptar, “deveria” aceitar as coisas como elas são. “Deveria, deveria, deveria”.
     As pessoas vivem nesse mundo de ideologia e pensamentos moralmente perfeitos e se iludem que os outros “deveriam” seguir essas regras.
      Pois é... Engraçado isso. Como a vida é incoerente, não é mesmo? Temos essa mania de sempre idealizar os outros, ditando regras do que “deveriam” ser.
     Eu sou aquilo que dá para ser. E afirmo com todas as letras: Não! Eu não deveria nada. Você é que está se iludindo em pensar que o outro tem que ser o seu idealizado. Eu só posso dar os meus passos de acordo com o que sou e com os meus conhecimentos.
    Claro que fingir todo mundo finge, brincar todo mundo brinca,  mas ninguém é o “deveria”. Isso é uma invenção do instinto de dominação do Ser humano, que anda lado a lado com a ideia de subjugar o outro com esse tal “tem que ser”.
   É certo que a gente tem um tipo de crescimento e aperfeiçoamento das qualidades da natureza humana, que vão surgindo com todas as experiências acumuladas. Mas ninguém pode ser o “deveria” dos outros.
    Existem pessoas e pessoas. Tem gente que faz por onde não receber o bom tratamento ou respeito.
      Um dia descobrimos que o Ser que idealizamos é aquele que nos frustra amargamente e a gente se entristece por causa disso.
    Uma pessoa que reconhece a sua própria verdade não precisa de um juiz arrogante e perfeccionista lá dentro da cabecinha condenando qualquer ação feita ou recebida.
    Então... O Ser humano só vive satisfeito quando está feliz. E a felicidade está sempre no real e não no ideal. Isso exige uma capacidade de olhar a vida de outro modo.
     A vida ensina a todo mundo. A lei do homem tem jeito de manobrar e escapar com vários argumentos, mas a lei da vida é irremediável.
    Que cada um tome a própria lição. O lema diz: “Quem não aprende pelo amor, aprende pela dor” e isso é mais velho que andar para frente.
    Então, voltando a Bertold Brecht, existem duas opções de escolha. Uma diz que aquele que está atrapalhando uma caminhada deve ser largado para trás ou jogado no abismo; a segunda: a regra de moral ou bom-senso nos ensina que, quando as coisas não dão certo, a solução é retornar ao ponto de partida em busca de  novas alternativas.
    A escolha está ao dispor. Escolha o seu caminho e seja feliz, pois, o mais importante de tudo é aprender e estar de acordo com o bom senso de cada momento ou situação!

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3 comentários:

  1. Texto de reflexão, nos faz pensar se estamos remando contra à maré de baixa qualidade. Sempre coloquei como principal objetivo na vida, qualidade e vejo que ando errando nas escolhas.
    Andrea Cardoso

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  2. Parabéns!! Suas palavras são profundas e verdadeiras.Aprendi que para ser Feliz basta pouco.Que somente depende de nós mesmo.Por mais que achamos que estamos certos devemos fazer nossa escolha:Ser Feliz..

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  3. Creio que o certo é agir de acordo com nossa consciência e aprender com às críticas...Procurar ser Feliz sem prejudicar ninguém...

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