quarta-feira, 16 de abril de 2025

A Luz Fraca Do Abajur

   Os seus olhos estão vivos, praticamente com uma vivacidade doentia. Neles se vê que tudo já está decidido – é basicamente o que se pode notar em certo momento diante da luz que brilha fraca no abajur. Há alguma doçura em sua postura soberba, talvez até uma magia estritamente sedutora. O sorriso é um sorriso sem dentes, algo meramente contido e reprimido pelo entusiasmo do que virá a seguir. Ela ainda vive, quase que permanentemente, uma evidente excitação inconformada pelo momento mais sublime da entrega na noite passada, que não foi lá grande coisa, muito menos pela expectativa criada. Talvez quisesse viajar pelas nuvens ou qualquer lugar onde mais nada importasse além do seu sonho de felicidade. Ainda assim abre bem os olhos para não perder de vista suas feridas do passado. Infelizmente ela nunca teve coragem de se desenlaçar de tudo, e relembrar é como se a morte estivesse presente. Mas ela não treme e nem fraqueja mesmo com o coração sangrando.
    Ela nunca imaginou que o amor não era eterno, e viveu cada sensação como se aquele tempo fosse inacabável. Mas tudo tem seu preço na escalada do destino, e ela sabe que em breve sentirá a razão de cada nuance da vida na mente e corpo sofridos por pancadas. Seus lábios queimam e seu pensamento ainda arde com um tipo de desejo incontrolável - quase uma mistura da espiritualidade com o êxtase sexual e a frustração. Isso deixa sua mente alerta e o corpo vivo com uma desenvoltura ingenuamente aflorada. Ela novamente se despe com naturalidade e despreocupadamente para se deitar na posição correta. Em seus olhos ainda se notam as olheiras da noite anterior vivida em fúria, quando seus cabelos foram beijados de maneira cuidadosa e em seguida puxados e enrolados por um punho firme, ao mesmo tempo que o cinto de couro marcava o ritmo como um chicote em chamas em cada palmo de suas costas.
     Com o toque dos dedos penetrando seu sexo sente no rosto a lágrima solitária desenhando o caminho já marcado por outras tristezas que vão além das marcas na carne, segue assim num labirinto sem o fio de regresso que faz aos poucos a mente vaguear pedindo misericórdia e desemboca num prazer doído.
    Foi-se no decorrer de um segundo, por uma angustia tardia e desesperadora, que algo se tornou visível em seu delírio de paixão.
    Ela já conhecia bem essa força de vontade de seguir em frente através do poder advindo do prazer da carne e da devassidão do corpo nas solitárias lutas noturnas e secretas, e aos poucos suspira e sorri por sonhos bons e eróticos - único momento em que se permite para o prazer sem culpa.           
    Mais uma vez ela respira fundo e se  prepara para nova batalha contra si mesma e seus instintos. Finalmente toma coragem e vai, segue em sua imaginação um a um com olhos sedutores e corpos suados aos quais se permite devorar. Fica horas a fio criando situações e posições, num eterno tom de suspiro e esquecimento de tudo.
    Ela sabe que um dia houve um punhal enfiado em seu coração e ficou fincado ali. E daquele momento em diante caiu uma névoa espessa em sua vida anteriormente regrada. E do seu último sacrifício de luxúria e prazer trouxe consigo o desejo real: a inspiração para continuar experimentando e se tocando mais, até sentir-se completamente saciada. Ela manteve a vontade de faze-lo repetidamente por um tempo sem fim, até que um dia conseguisse finalmente o verdadeiro alivio emocional – o que de verdade só viria com a recompensa do ato a dois. Em seu olhar vivo ainda há o silencio da morte sentimental prematura. Nada sobreviveu além do rancor que existe em sua visão a respeito do mundo e das paixões eternas. Há muito tempo se mantém assim, quando o seu único desejo aparente é o da busca incansável. A sua atitude causa em si mesma repulsa e não há uma explicação lógica que possa salvar sua mente da dor. Ela sente a realidade meio entorpecida e geme como se fosse uma criança inocente num sonho profundo - a noção não é perfeita, pois o seu prazer foi maculado pela degradação numa entrega sem mistério ou delicadeza; uma ação tida como ordinária. Em todos esses momentos há o prazer momentâneo e a dor sem fim. Existe a imagem de algo que a distancia do pensamento e a aproxima da lembrança da última fatalidade no dia em que chorou em desespero. Em sua desgraça permanente sente o efeito do remédio que criou para acalmar a própria mente que nunca se cansa de pedir justiça, - em seus lampejos brilham focos de saudade logo que a mão pousa sobre seu ventre amplo e desnudo - revela-se assim todo o mistério e delicadeza de um corpo exteriormente são. E as memórias vão se tornando remotas a cada dia passado nessa mesma rotina.
   Presa dentro da gaiola que criou se debate como um pássaro agonizante. Delira em seu maior momento de força interior e resistência moral. Mas aquele sentimento obscuro é maior e ela busca o desligamento - consente a si mesma matar os resquícios de consciência de um passado surrado, vivido na ignorância do conhecimento dos fatos. Com esse rancor na alma, persiste na dor mais intensa, a dor da perda do mais valioso bem; o que a torna irreconhecível diante de si mesma e de quem testemunhou sua vida no momento de felicidade.
    Nas trevas vive seu transe humano enquanto seu tecido carnal se rasga, estica e cria vincos. As manchas roxas aparecem pelo corpo. Em cada mancha a noção da armadilha cruelmente atroz contra si mesma. A vida não se expande conforme o seu desejo mais intimo e qualquer coisa se torna um martírio sem fim. O ódio misturado com ressentimento infiltrava-se mais uma vez em seu cérebro evoluído, tornando-o uma máquina de produzir ideias destrutivas, e seu corpo parece um corpo sem sentidos quando todas as vozes do mundo gritam em seus ouvidos e vão além, ecoando distante para outros que se identificam com a situação.
    Em mais uma falsa excitação macera desespero num choro interior, fica distante de tudo que parece puro e novamente se sente tão só como em nenhuma outra oportunidade da vida. Assim permanece por horas e horas cumprindo seu percurso sem fim. Momento em que aquele que desejar poderá ser dono do seu corpo inerte pelo tempo que quiser.
    Ao focar novamente em seus olhos ela emite um olhar que não sei se é de loucura mansa ou de ar de ausência. O seu coração parece pacificado numa ressonância profunda que emana calores e suspiros, como a última sensação de um adeus anunciado em que o cheiro impregna sua pele e se firma na ponta dos dedos depois de um tempo. A poeira e o suor se misturavam à lembrança do cheiro acre natural da excitação e o perfume finalmente vai se esvaindo da pele, ela torna-se tão distante que mais nada se sabe sobre a sua verdade por tantos desejos. Por isso ela continua e em cada novo toque o prazer a consome por dentro. E pergunta a si mesma: “O que fazer agora?”.             
    As manchas amarelas continuam no lençol, o colchão manchado por sêmen na noite anterior foi virado ao contrário. E ela mais uma vez, com o coração leve por alguns instantes, flameja em lamentação interior e arde por dentro como a chama mais quente do inferno, carregando consigo as culpas da sua falta de sintonia e entendimento da situação.
    Mais uma vez levanta-se devagar, absolutamente entediada de tanto sexo solitário e aborrecido, num cenário em que os vermes rastejam nus pelos bastidores da sua imaginação. Aos poucos oferece encorajamento a si mesma com um simples pensamento, pois o seu desgosto parece tão grande que não consegue expressar de outra forma tanta tristeza. Em plena escuridão se deita novamente e dá sequência ao velho vicio - faz automaticamente enquanto imagina olhos arregalados tentando admirar os seus seios pequenos e suas pernas se apertando uma a outra. Aos poucos fecha os olhos enquanto um corpo grande e suado balança por cima em um ritmo alucinado fazendo os quadris se mexerem juntos. O pensamento mergulha nos mais loucos devaneios esquecendo tudo o que de verdade acontece ali. Do nada, toda a fúria se interrompe de repente e ela relaxa! Tudo acaba e nova maratona se inicia com o mundo desaparecendo sobre suas vistas. Em sua mente um membro duro e grosso rasteja e esfola num vai e vem continuo e permanente de bate estaca. Ela não sente dor quando braços fortes a apertam com mais força, mais calor, mais emoção, e ela naturalmente se mexe para cima e para baixo no momento da estocada mais forte em que só as bolas dele ficam de fora. Ela parece cada vez mais molhada e escorregadia ao sentir as contrações e deseja desesperadamente alguém para beijar seus lábios ou tocar os bicos dos seus seios. Os seus olhos brilham no escuro e ela sorri ao perceber que algo muito intenso jorrou lá de dentro. Ela sabe que em algum momento os seus olhos saltaram da órbita e alcançaram os céus - é fascinante poder sentir prazer sem dar a menor importância à coisa alguma. Ela acha tudo muito bom, esquenta o sangue, aguça a fúria e adoça o instinto mais primitivo enquanto o suco ainda flui entre as pernas. Então essa coisa louca fez com que se lembrasse de outra; aquela que motivou esse momento e a fez agir como se tivesse tirando algo da sua consciência machucada. O mundo inteiro parece estar pronto para ser mudado do mal para o bem instantaneamente, mesmo que seja por alguns segundos em seu desejo único e exclusivo, por que ninguém está olhando e ela pode fazer o que quiser sob a luz fraca do abajur.

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Por favor, deixe um comentário, pois essa ação fortalece o blog nos mecanismos de busca do Google. Isso fará com esse texto chegue para mais pessoas, algumas que talvez precisem dessas palavras.

   Se você gosta e valoriza esse tipo de trabalho poderá contribuir com qualquer quantia via Pix. 
Essa  é também uma forma de incentivar o escritor a dedicar tempo e horas trabalho na produção de novos textos. Agradeço a todos que lêem, incluindo os possam ou não contribuir com esse humilde servo da escrita. Novamente muito obrigado por ter chegado até aqui.

Chave Pix: 11994029570 


terça-feira, 15 de abril de 2025

Cansado e Velho


Minha história gira em torno de mim mesmo, — uma vida quase nas portas do delírio na mente de muitos —, com o intuito único de continuar um passatempo que começou no ano 2008. Essas escritas vieram sob forma de semanário no blog, e cada nova escrita trazia um pouco da minha vivência e de como se deu a experiência no contato com outras pessoas. O objetivo inicial era claro, mas no decorrer dos dias a minha percepção da realidade foi se alterando, até chegar em um ponto que só consegui relatar sobre as questões nas quais estavam a existência humana mais cruel e degradante. Talvez meus relatos possam parecer desoladores e intrigantes, mas o processo pelo qual passei, aprimorando esse método, foi uma espécie de despertar da consciência, seguindo-se sob a forma de, inicialmente, existir um sentido e, posteriormente, não existir sentido algum. No início busquei cumprir aquilo que eu mesmo me determinei; depois, a existência, no geral, passou pelos meus olhos carregando uma insignificância extrema, coisa que retratarei no desenrolar e ao final desse texto, mas não foi e não será de uma forma tão esperançosa e com final feliz como muitos desejariam. A partir de então, não será necessário ser um grande observador ou estudioso das palavras em filosofia para conseguir absorver a essência do que vai aqui. Basta ter um pouco de afeição pelos dizeres e se omitir por um instante da realidade comum na qual praticamente todos estão inseridos, e assim compreender que às vezes os planos podem não ser da forma como desejamos ou planejamos com antecedência. Sem que eu queira impor qualquer espécie de verdade, até porque repudio qualquer pensamento que determine o que é certo e errado, faço com liberdade particular, dentro do meu saber, uma análise profunda de tudo que diz respeito ao mundo e ao convívio humano ao qual pertenci e pertenço, e chego à conclusão que é possível enxergar que não existe pré-determinação, não existe um caminho pré-definido, não existe um destino certo, muito menos existe um propósito planejado com antecedência que funcione cem porcento (e, para muitos, isso pode ser um drama, uma encruzilhada cruel; o que também justifica a causa de muitos hábitos, atitudes, agressões verbais e crenças). Com isso tento afirmar que existo antes de a essência que aparento e que me julgam possa ter se formado. Quero dizer que nasci, para depois ser formado ao que me tornei como ser humano. “O homem nada mais é senão aquilo que faz de si próprio”! Fica claro o pensamento de que cada um é totalmente responsável por aquilo que é, pelas escolhas que faz e pelas consequências que as escolhas lhe trarão. É óbvio! Pode parecer um argumento duro, forte, um peso para se carregar quando se pára para pensar que o mundo é da forma que é devido às atitudes das pessoas com os outros, em sua maioria fundamentada na ambição demasiada, no egoísmo exacerbado, no desejo interminável de obter cada vez mais prazer, na inveja desavergonhada e no individualismo temperado com indiferença. Baseado em tudo isso, com o passar dos anos alguma coisa me aconteceu e pude cada vez mais continuar duvidando de boas intenções. Veio como uma praga, não como uma certeza de morte nem como uma esperança de vida, apenas uma doença que vem pelo ar. A sensação se instalou pouco a pouco, eu me senti bem esquisito, incomodado, nada, além disso, no primeiro momento. Mas cresceu. Aí, quando olho novamente o passado, retrocedo na minha história e percebo que sempre segui uma vida roteirizada, previsível, sem inovações e, ao que muitos criticavam e ainda criticam: sem nenhuma espécie de saída. Nasci, cresci, ingressei nos estudos, trabalhei, constituí uma família e desconstrui e assim vou morrer. Nesse meio-tempo, ouvi e continuarei ouvindo muitos conselhos, sendo a maioria aqueles que me incentivavam a trabalhar duro na adolescência e fase adulta para que tivesse uma velhice tranquila, sem depender de ninguém, aproveitando o que resta para que, na hora do último adeus, tivesse um velório belo e simbólico para as pessoas lembrarem depois como uma cerimônia bonita. Não que isso seja repulsivo, mas, como agiriam essas mesmas pessoas se descobrissem que a vida vai muito além desse roteiro já estabelecido? Imagino que não existe um propósito maior que não seja o próprio viver, por que há quem se importe tanto em seguir esse roteiro que já vem prontinho e é necessário estar na escuridão e amordaçado para colocar em prática?  
Doutrinas tradicionais condicionam a fazer isso, mas quando há clareza de ideias, as ações têm embasamento, favorecendo a resposta pelo bom-senso e uso do famoso termo “Carpe diem”, porque é o correto a ser feito (com toda minha humildade). O que se diz a respeito dessa falta de sentido da vida é que devemos, nós mesmos, dar um significado a ela. Como? Fazendo tudo o que pudermos e o que queremos no momento presente, estando consciente das consequências boas ou ruins que possam vir de cada ato. Esse método existe, querendo ou não, e deve funcionar. Ainda que se entre numa questão subjetiva. Mas o jogo é conhecido: a estrutura, nuances, e tudo o que ele proporciona em troca da força do querer e seu fim. Partindo dessa premissa, a questão é: existe o que se possa fazer para pôr em prática? E se há, como? E se não há, para onde ir? O que se fazer da vida? 
No final, está bem determinado, tudo o que é feito acaba no vazio. O que resta é procurar algo que valha a pena, que se faça com gosto, com vontade. Algo que seja capaz de trazer uma inovação, afinal, a vida parece bem menos interessante do que os filmes cheios de aventura, romance e vida heroica que corremos para assistir no cinema toda a semana. Quando uma pessoa apenas vive por viver, parece que não acontece nada. O cenário pode até mudar, pessoas podem entrar e sair, mas isso é tudo. Nunca há expectativa de novos começos e as horas passam sem o tique-taque do relógio, sem o som das badaladas do sino da igreja, mas num ciclo de conta de multiplicar interminável e monótona que leva ao infinito da mesmice. Certamente muitos, assim como eu, não saberão dizer, ao certo, o que os motiva levantar da cama todos os dias para viver essa vida que foi recebida sem pedir (inclusive eu). Mas minha observação mais crua da realidade pela realidade consegue criar uma corrente, e as minhas intenções atentamente observadas para o que faço aqui podem ser tanto consoladoras como desoladoras, à medida que se tiver sensibilidade o suficiente para compreender a mensagem explícita. Hoje, muitos lutam por uma supervalorização e atribuem à vida que levam a falta dela, esperando que um dia a vida vá entregar algo maior em troca. Se é conformismo, não sei; mas muitos buscam a zona confortável, então pensam: para que lutar e carregar mais peso? Para quê? A vida, e por si só, já parece por demais pesada para ser vivida. Muitos não desejariam que fosse assim, só que não puderam evitar; é isso. Então continuam realizando suas funções, sem entusiasmo, bem devagar, a contragosto, e as raízes se enfiando lentamente no solo arenoso. Mas a cada momento vem lá de dentro uma vontade de abandonar tudo e se aniquilar, mas julgam que seja melhor esperar. Estou por demais cansado e velho para aguentar certas coisas, continuo a existir, meio que de má vontade, simplesmente porque estou muito fraco para morrer, porque a morte só poderá me atingir um dia se vier do exterior; pois, só as lindas sinfonias de Beethoven trazem consigo a morte, como uma necessidade interna e de compreensão aos de fora — bem diferente da vida de “muitos” alguns que a única coragem que têm é a de esperar um sinal da divina providência para tomarem a iniciativa. Toda pessoa nasce sem razão, vive a vida que se prolonga em força e fraqueza e morre por acaso. Um dia inclinarei-me para trás e fecharei as pálpebras. Mas as imagens de toda uma vida, por uma última vez, como num flashback, virão encher de luz meus olhos fechados. Porque, mesmo de olhos eternamente selados dessa existência, a plenitude será o momento definitivo que ninguém poderá ser capaz de me desprezar, ferir ou abandonar.

Se você gosta e valoriza esse tipo de trabalho poderá contribuir com qualquer quantia via Pix. 
Essa é uma forma de incentivar o escritor a dedicar tempo e horas de trabalho na produção de novos textos. Agradeço a todos que lêem, incluindo os que possam ou não contribuir com esse humilde servo da escrita. Novamente muito obrigado por ter chegado até aqui.

Chave Pix: 1199402 9570 





segunda-feira, 14 de abril de 2025

Eterna Solidão

      Os seus olhos estão vivos, praticamente com uma vivacidade doentia. Neles se vê que tudo já foi decidido. 
     Há agora alguma doçura em sua postura soberba, talvez até uma magia estritamente sedutora. O seu sorriso é um sorriso sem dentes, algo meramente contido e reprimido pelo entusiasmo do que virá. Você ainda vive a excitação, - mais ou menos inconformada do momento mais sublime na entrega da noite passada, - e reflete agora que não foi lá grande coisa, tendo em vista a expectativa criada - pois, talvez, quisesse viajar até as nuvens ou qualquer lugar onde mais nada importasse além de um sonho de felicidade. Mesmo assim abre bem os olhos para não perder de vista feridas do passado, as quais, infelizmente, você nunca teve coragem de se desembaraçar. Relembrar é como se a morte estivesse presente. Mas você é forte, não treme e nem fraqueja com o coração sangrando.
      É engraçado como nunca chegou a imaginar que o tal amor não seria eterno, vivendo cada sensação como se o tempo fosse inacabável. Sabe agora que tudo tem seu preço na escalada do destino, e em breve sentirá uma razão maior em cada nuance da vida. 
      Os seus lábios ainda queimam e o pensamento arde com um tipo de desejo incontrolável - uma mistura de espiritualidade com êxtase sexual. A mente continua alerta, o corpo ainda vive para um tipo de desenvoltura ingenuamente aflorada ao despir-se com naturalidade e deitar-se na posição correta. Sente os cabelos beijados de maneira cuidadosa, puxados e enrolados por um punho firme, o ritmo das mãos e unhas, como um chicote em chamas, deslizando em cada palmo das costas. No toque dos dedos penetrando o seu sexo, sente no rosto a lágrima solitária desenhando o caminho já marcado por outras tristezas que sempre foram além de simples marcas na carne. Segue em silêncio nesse labirinto sem o fio de regresso, faz aos poucos a mente vaguear, pedindo misericórdia até desembocar num prazer doído e quase choroso.
    Foi-se o momento do martírio, passou no decorrer de um segundo, a angústia tardia e desesperadora tornou-se visível em seu delírio de falsa paixão.
    Você outra vez conheceu a força de vontade de seguir em frente, fosse do poder advindo do prazer da carne ou da devassidão do corpo nas solitárias lutas noturnas e secretas, - quando aos poucos suspirava e sorria pelos sonhos bons e eróticos - único momento em que se permitia o prazer sem culpa.           
    Mais uma vez respira fundo e se  prepara para nova batalha, talvez contra si mesma e seus instintos. Finalmente toma coragem e vai, segue a imaginação de cada um que chega com olhos sedutores e corpo suado, quais você se permite devorar com os olhos por horas a fio, criando situações e posições num eterno tom de suspiro e esquecimento de tudo.
     Entre frases curtas e sedutoras não esquece que um dia houve um punhal enfiado em seu coração; ainda permanece fincado lá. E desde aquele momento caiu uma névoa espessa em sua vida, vida anteriormente regrada. E no seu último sacrifício de luxúria e prazer, trouxe consigo o desejo real: a inspiração para continuar experimentando e se deixando tocar cada vez mais até sentir-se completamente saciada. Você manteve a vontade de fazer repetidamente por um tempo sem fim, até que um dia conseguisse finalmente o verdadeiro alívio emocional – o que de verdade só viria com a recompensa feita do ato a dois com o escolhido pelo coração em pedaços. 
     Nesse seu olhar vivo ainda há o silêncio daquela morte sentimental prematura. Parece que nada sobreviveu além do rancor que existe na visão a respeito do mundo e das paixões eternas. Há muito tempo se mantém assim, mesmo quando o seu único desejo aparente seja o da busca incansável pelo esquecimento do que passou. A sua atitude causa em si mesma repulsa e não há uma explicação lógica que possa salvar sua mente da dor. Você ainda sente a realidade meio entorpecida e geme como se fosse uma criança inocente num sonho profundo - a noção do certo e errado não é perfeita, pois o seu prazer foi maculado pela degradação feita naquela entrega sem mistério ou delicadeza; ação tida como ordinária, apenas pelo prazer momentâneo e depois da dor sem fim. Existe dentro de si a imagem de algo que a distancia do pensamento e a aproxima da lembrança da última fatalidade no dia em que chorou em desespero. Em sua desgraça permanente sente o efeito do remédio que criou para acalmar a própria mente que nunca se cansa de pedir justiça, - em seus lampejos brilham focos de saudade quando uma mão praticamente estranha pousa sobre seu ventre amplo e desnudo - revela-se assim todo o mistério e delicadeza de um corpo exteriormente são, no qual as memórias vão se tornando remotas a cada dia, mas continua passado na mesma rotina.
   Presa dentro da gaiola que criou se debate como um pássaro agonizante. Delira e se contorce em seu maior momento de força interior e resistência moral. Mas há um sentimento obscuro que é maior que a busca pelo desligamento - consente por alguns momentos a si mesma matar os resquícios de consciência de um passado surrado e vivido na ignorância, mas logo tudo volta como uma nuvem negra sobre a cabeça. Com esse rancor na alma, persiste na dor mais intensa, a dor da perda do mais valioso bem que era só seu, fazendo-a  tornar-se irreconhecível diante de si mesma, ou de quem testemunhou sua vida no momento de felicidade.
    Das trevas tenta liberar o seu transe humano enquanto o tecido carnal rasga, estica e cria vincos. As manchas roxas aparecem pelo corpo, em cada mancha a noção da armadilha cruelmente atroz contra si mesma, pois a vida não se expande conforme o seu desejo mais íntimo, e nem de qualquer coisa que a livre do martírio sem fim. O ódio misturado com ressentimento infiltrava-se mais uma vez em seu cérebro evoluído, tornando-o uma máquina de produzir ideias destrutivas para seu corpo, que parece um corpo sem sentidos, mesmo quando todas as vozes do mundo gritam em seus ouvidos e vão além -  ecoam distante para que os outros se aproximem, aproveitem e compartilhem sua solidão. 
     E tudo recomeça do zero.
    Em mais uma falsa excitação rumina desespero num choro interior, fica distante de tudo que parece puro e limpo; novamente se sente tão só como em nenhuma outra oportunidade da vida. Assim permanece por horas e horas cumprindo seu percurso sem fim de canto a canto do seu lar. Momento em que em seus sonhos e desejos inconfessáveis, aquele que desejar poderá ser seu dono pelo tempo que quiser.
    Quando foco novamente em seus olhos você emite um olhar que não sei se é de loucura mansa ou de ar de ausência. O seu coração parece pacificado numa ressonância profunda que emana calores e suspiros - como a última sensação de um adeus anunciado em que o cheiro impregna a pele e se firma na ponta dos dedos depois de um tempo. A poeira e o suor misturaram-se à lembrança do cheiro acre natural da excitação e do seu perfume escolhido a dedo para o momento da entrega. Você se torna distante e mais nada sei sobre a sua verdade ou os seus desejos. Por isso imagino que continua em sua busca eterna. Em cada novo toque o prazer a consome por dentro e pergunta a si mesma: “O que faço agora?”.             
      Ao sair percebi de relance que manchas amarelas estavam no lençol e no colchão manchado por sêmen da noite anterior. E você, com o coração leve por alguns instantes, arde em lamentação interior como a chama mais quente do inferno, esperando que esses momentos terminem logo.
    Mais uma vez, ao chegar em casa, você se deita devagar, absolutamente entediada de tanto sexo solitário e aborrecido, num cenário em que os vermes rastejam nus pelos bastidores do seu corpo inerte. Aos poucos oferece encorajamento a si mesma com um simples pensamento, pois o seu desgosto por essa vida parece tão grande que não consegue expressar de outra forma tanta tristeza. Em plena escuridão relaxa novamente e dá sequência ao velho vício - faz automaticamente enquanto imagina olhos arregalados tentando admirar os seus seios pequenos e suas pernas se apertando uma contra a outra enquanto elogia sua beleza e inteligência. Aos poucos fecha os olhos para que venha à mente um corpo grande balançando por cima em um ritmo alucinado - que ele faça seus quadris se mexerem juntos com o dele. O pensamento mergulha nos mais loucos devaneios esquecendo tudo o que de verdade aconteceu e acontece em sua vida. Do nada, toda a fúria se interrompe de repente e você pára, o devaneio acaba e nova maratona se inicia com o mundo belo desaparecendo sobre suas vistas. Em sua mente um membro duro e grosso rasteja e esfola dia e noite sem parar, num vai e vem contínuo e permanente de bate estaca. Você não sente nenhuma dor quando braços fortes a apertam com mais força, mais calor, mais emoção e, naturalmente, se mexe para cima e para baixo no momento da estocada mais forte. Você volta ao sonho e parece cada vez mais molhada e escorregadia ao sentir as contrações,
 - deseja desesperadamente alguém para beijar seus lábios ou tocar os bicos dos seus seios com amor verdadeiro. Os seus olhos brilham no escuro e você sorri ao perceber que algo muito intenso jorrou lá de dentro. Sente que em algum momento os seus olhos saltaram da órbita e alcançaram os céus - foi fascinante poder sentir prazer sem dar a menor importância à coisa nenhuma. Você acha tudo muito bom quando o sangue esquenta aguçando a fúria, adoçando o instinto mais primitivo, enquanto o suco ainda flui entre as pernas. Então essa coisa louca fez com que se lembrasse de outra; aquela que motivou esse momento e a fez agir como se tivesse tirando um peso da sua consciência machucada. 
     O seu mundo inteiro parece estar pronto para ser mudado do mal para o bem e do bem para mal instantaneamente, mesmo que seja por alguns segundos num desejo único, primitivo e selvagem; porque ninguém está olhando e você pode fazer o que quiser na sua eterna solidão.

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Por favor, deixe um comentário, pois essa ação fortalece o blog nos mecanismos de busca do Google. Isso fará com esse texto chegue para mais pessoas, algumas que talvez precisem dessas palavras.

   Se você gosta e valoriza esse tipo de trabalho poderá contribuir com qualquer quantia via Pix. 
Essa  é também uma forma de incentivar o escritor a dedicar tempo e horas trabalho na produção de novos textos. Agradeço a todos que lêem, incluindo os possam ou não contribuir com esse humilde servo da escrita. Novamente muito obrigado por ter chegado até aqui.

Chave Pix: 11994029570 







domingo, 13 de abril de 2025

Hiato do tempo

 


     Nesse hiato do tempo há imaginação. Ao meu redor tudo se materializa de um jeito diferente. Sinto como se estivesse num palco enorme, recebendo um raio de luz branca que ofusca a visão. Diante de mim há uma multidão de rostos deformados que murmuram. São pessoas e mais pessoas falando ao mesmo tempo coisas que eu não consigo entender. Então eu imagino e crio suas imagens perfeitas, ao mesmo tempo em que me pergunto: “Como pode toda essa gente ter tanto a dizer uns aos outros e nada têm a me dizer de bom? Então... Há apenas a luz branca que continua cintilando de forma intermitente nos meus olhos durante muito e muito tempo. E não adianta tentar  fugir do seu foco, pois para cada lado que eu viro, lá está o flash contínuo dentro do meu cérebro. De repente, do nada, chega o momento em que tudo se apaga e só resta a escuridão. Mas se alguma réstia de luz sobrou daquele foco, manteve-se oculta, tristonha e muda. Apenas o pulsar do meu peito denuncia que eu ainda sou um ser vivo e capaz de encontrar o caminho para fugir do que transforma a minha mente criativa numa mente transtornada e oprimida. Mas eu ainda não consigo totalmente - e até certo ponto eu me contento que seja assim - porque talvez uma réstia de luz seja  melhor que nenhuma. Tenho apenas que aceitar e seguir o destino traçado.

Ah... Quando eu penso sobre isso é porque de certa forma tenho essa visão a respeito da vida e gosto, acreditando que isso faz por onde situações improváveis aconteçam. E se pareço um desmiolado ao passar a impressão que sou louco, lamento, louco seria se dissesse que qualquer um é pessoa louca - a questão é apenas o que há a fazer por pura ambição ou reafirmação. Sei que há por aí pessoas que não interpretam direito e às vezes tiram uma frase do contexto levando à uma conclusão precipitada. Apenas digo que a atitude é que torna uma pessoa louca ao olhar dos outros, e o desequilíbrio está nas ações impostas por tal pessoa e não pelo relato em forma de fantasia do que sofre. É uma pena quando está tudo calmo e só restam as cinzas de uma chama que tenta erguer-se vindo debaixo das brasas. É um tipo de indolência recheada com ameaça de renascimento. Diante dessa ameaça tão explícita da chama num hiato do tempo resolvo apenas metalizar, assim vejo melhor as imagens sequenciadas. Fico alarmado por tamanha facilidade e saio do estado de tranquilidade e indiferença para a brutalidade e coação, o que imediatamente muda o meu estado de humor. Ah, se alguém estivesse aqui compartilhando da mesma sensação talvez nada disso aconteceria assim. Qualquer pessoa... Até mesmo você poderia. Mas como pude perceber parece que todos que foram cúmplices agora são omissos ou estão envolvidos por um tipo de poder de persuasão e mentira - que parece verdade - ao que mundo lá fora tem a oferecer. Estou contaminado interiormente pelo vírus da ambição latente dos que desejam de mim apenas o que de bom posso oferecer. Sou apenas uma pessoa comum com uma fera ferida escondida. Hoje eu sei que tudo isso toma uma dimensão que não posso mais conter. São situações extremamente complexas que merecem habilidade para me liberar do cárcere e da tortura. “Será que alguém teria coragem de fazer o que eu faço e sentir o que sinto?

Percebo que o tempo voa, mas demora muito a passar os momentos em que estou atolado com excessos e pessimismos. Há momentos nos quais me sinto como se a psique houvesse sido infectada pelo carma da desesperança. E quando isso acontece a vida passa tão lentamente como se desafiasse os meus sentidos na retidão do pensamento à beira da insanidade, tudo acontecendo num infinito hiato do tempo. 


Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Por favor, deixe um comentário, pois essa ação fortalece o blog nos mecanismos de busca do Google. Isso fará com esse texto chegue para mais pessoas, algumas que talvez precisem dessas palavras.

   Se você gosta e valoriza esse tipo de trabalho poderá contribuir com qualquer quantia via Pix. 
Essa  é também uma forma de incentivar o escritor a dedicar tempo e horas trabalho na produção de novos textos. Agradeço a todos que lêem, incluindo os possam ou não contribuir com esse humilde servo da escrita. Novamente muito obrigado por ter chegado até aqui.

Chave Pix: 11994029570 


sábado, 12 de abril de 2025

Vai cuidar da sua vida.

 

  Oi gente estou aqui de volta para conversar um pouquinho mais com vocês. Sempre com a ideia e a tentativa de mostrar a todos aquilo que normalmente não vemos, por exemplo, como é a gente para a gente mesmo e para os outros e, é claro, como nós funcionamos. Uma das coisas mais aflitivas que existe é pensarmos que estamos fazendo tudo certo mas, no resultado prático final, acontece algo que nos mostra que estamos fazendo tudo errado. Aí, é quando chegam todos os porquês da vida e a conclusão sempre desaba em nada que possa ser realmente útil. Então você pergunta: Como fazer direito? Eu digo que o "como" é mesmo muito importante, é muito útil e é muito da vivência de cada um. Digo também que as pessoas não notam certas situações muito importantes que acontecem ao seu redor, momentos que pertencem às suas vidas no dia a dia, as quais, eu penso, deveriam ser tratadas com mais atenção. Mas isso já se tornou um hábito que faz parte da rotina, no entanto, nada mais é que falta de desenvolver determinadas sensibilidades, pois alguns seres só conseguem perceber as coisas quando alguém mostra a eles. Por isso que existem as escolas e as formas de ensinar que desenvolvem o intelecto das pessoas desde pequenas. Porque, apesar de sermos muito capazes, exigimos estimulação para tudo. Inclusive, a prática dessa ação, de mudar o estado de atenção para as coisas e pessoas, serve para todos os aspectos da vida, passando e burilando, pelo árduo trabalho do nosso lado emocional através dos anos, na tentativa de favorecer a evolução do nosso lado espiritual. Eu sei que você está fazendo força e querendo fazer o certo. Exatamente por isso é importante essas palavras aqui, as quais poderão ser o indicativo de uma luz que mostra um caminho ou apenas uma reflexão com a intenção de mudança nos hábitos e comportamentos, os quais incomodam quando mostrados por alguém, mas podem ser logo resolvidos se forem mudados de sintonia a tempo. Apenas pensar em qualquer dessas alternativas já será um grande progresso. É muito importante saber que partindo desse ponto chega a transformação, mas é só você que pode se transformar. Ninguém, mas ninguém mesmo, poderá salvá-la do imobilismo se você não se mexer em busca de um futuro diferente do que foi esse seu passado e é o seu presente. É um trabalho do seu "Eu" interior, do seu "Eu" arbítrio, do seu "Eu" escolha... Você pode e terá de fazer esse trabalho de opções cedo ou tarde. Pois a vida vai passando e vamos ficando velhos. Enquanto isso, a idade cobra as decisões de mudança que deixamos de tomar quando tínhamos mais disposição, mais saúde e a coragem para enfrentar um mundo novo e desconhecido. Nosso rosto vai ficando cada vez mais marcado, a pele de todo o corpo manchada e as mãos e o pescoço revelando a todos as muitas e muitas décadas que já se passaram. Só por esse preço elevado que a velhice cobra é essencial viver o agora fazendo novos planos, - do que quer que seja - e realizá-los. Não dá mais para esperar até que o corpo peça uma trégua permanente e a cabeça nem esteja boa para ter novas ideias criativas para botar a vida em funcionamento. É muito fácil viver acomodadamente, mantendo uma rotina que parece não trazer mais nenhum entusiasmo, sentido para a vida ou novidade boa, evitando situações que mexam com as raízes que fincamos dentro das nossas convicções há tanto tempo, já estabelecidas por tantos atropelos do passado, e sendo misturadas com as intermináveis obrigações do presente. É preciso entender que as escolhas que se apresentam estejam livres da influência de outra ou de outras pessoas, pois você é responsável por você e mais ninguém. Você não pode mais se colocar nessa posição de eterna obrigação em ser responsável pelos outros. Aliás, você acha que é um dever da sua parte e é um direito seu agir assim,  porque, no final das contas, os outros vão fazer aquilo que der na cabeça deles e pronto. Sendo ou não a sua vontade respeitada, você estará sempre cumprindo o papel conforme o script que você determinou para si e, é claro, sempre à espera de um reconhecimento no futuro. Essa cena em sua vida parece se repetir no decorrer dos anos, e se refere a todo tipo de relação emocional que já teve e com as pessoas que participam dela. O mais interessante com você e seus scripts tão bem planejados é quando algo sai fora do roteiro - de uma pessoa muito próxima de você - e a tal pessoa tem que ir para longe namorar alguém ou quer morar em outra cidade, - tudo em nome das novas experiências que poderá adquirir e de um padrão de vida melhor - e ela nem se importa se você vai sentir falta da presença dela ou não. Diante disso nem adianta imaginar que é possível "curar" alguém com essa história do não faça assim, não faça assado ou, então, silenciosamente, agir de uma forma que a pessoa sempre se sinta aprovada em tudo que deseja, e isso também seja bom para você a fazendo feliz. Engano seu. Isso chama-se mimo. Gente mimada não lida bem com contrariedades e não abre mão de seus desejos egoístas, mesmo que sejam em prejuízo dos outros ou de um conjunto familiar. Gente assim cria tantas situações que haja saco para enfrentar, mas que devem ser enfrentadas ou por quem é mais velho ou por quem tem mais juízo, querendo ou não, gostando ou não. Porém, isso vai desgastando e não dá sossego com cada dia uma nova exigência, um novo problema, um novo querer, já que tudo o que vem, tudo o que é conquistado ou, tudo que é dado, nunca é suficiente. Você já ouviu muitos desaforos por causa disso, não é mesmo? Já disseram pra você que você estava enrolando, que você estava isso ou que você estava aquilo, fazendo corpo mole, dando desculpas para atender as "exigências". Não, não. Não eram pedidos eram "E-XI-GÊN-CIAS".  Você já levou muito na cara e não aprendeu.... Olha...É cada situação nessa vida...  Eu vejo pessoas verdadeiramente atormentadas tentando driblar daqui e dali, mas ao final acabam mesmo por ceder à chantagem por puro cansaço. Porque os mesmos lemas sempre prevalecem: "Você é namorada e tem fazer isso para o seu namorado. Você é esposa e tem fazer aquilo para seu marido. Você é mãe de filho pródigo e tem que dar o que seu filho pede, mesmo que ele não precise daquilo ou não tenha equilíbrio emocional para tal. Ou você, no seu íntimo, perceba que aquilo não fará bem, já que ele precisa aprender a conquistar as coisas através do próprio suor". Mas não adianta... Essas ações são tão obsessivas para as pessoas que, quando as praticam, nem percebem se aquilo que estão fazendo vai realmente gerar o melhor para o outro e igualmente para si mesmas. Fazem apenas pelo condicionamento da obrigação ou da pressão. Ou, na maioria dos casos que cedem, agem apenas como um desencargo de consciência para amealhar a admiração tão desejada daquele que usa esse tipo de artifício da chantagem emocional para viver só "de boa". Isso, inconscientemente, vira um inferno. Aí, você, percebendo o joguinho, fica chata pra cacete, reclama... Tudo vira mágoa e tristeza, praticamente um comecinho de depressão, com um buraco no peito se abrindo pela falta de reconhecimento da verdadeira dedicação da sua vida inteira, uma entrega feita com o mais puro e verdadeiro amor de todos . Mas você precisa fazer a opção de mudança e se libertar, pois se não o fizer virá depois o peso na consciência com sua vida definhando, suas forças se esgotando e sua saúde capengando. Apesar de hoje em dia você tocar a vida e fazer todas as coisas como se fossem normais a mágoa e a tristeza consigo mesma só aumenta quando percebe que mais de 10 ou 20 anos já se passaram e não aconteceu nada conforme o seu script. É claro que você esconde, tentando demonstrar que não é bem assim, mas está tudo aí dentro influenciando o seu bem-estar e a sua postura no mundo, incluindo suas relações afetivas com o sexo oposto e o seu romantismo que parece que murchou. Você sabe que perdeu o gosto por muita coisa por causa disso, com esse negócio de cuidar dos outros, de gente já crescida, como se fossem criancinhas indefesas, colocando sua vida e necessidades afetivas em segundo, terceiro ou décimo plano. Você lembra antes como você era diferente? Você era mais alegre, gostava de namorar, de passear, de viver aventuras inusitadas que faziam a adrenalina subir e o coração batendo num ritmo tão acelerado a ponto de querer sair fora do peito. Acabou, né? Sabe como é o nome dessa doença que você sente agora? Velhice! Não, não. Não é velhice em relação a  idade, é por esse tipo de conduta de abdicar da própria vida, ou de planos mais ousados de futuro ao lado de alguém, em nome de uma comodidade com a desculpa de ter uma missão a cumprir que deve ser levada até o fim. Lembre-se que ao final dessa missão pode ser tarde demais para um ou para outro e o tempo perdido não se recupera mais. Essa faixa energética que você escolheu para viver machuca os planos de um novo alguém em sua vida, afeta os desejos e sentimentos e, principalmente, ataca o seu corpo que já aos poucos dá sinais de doenças crônicas. São essas dores nas costas que a incomodam, não são? É dor aqui e dor ali, esquecimento de coisas passadas ou recentes, olha só... Que coisa, hein?... Infelizmente, isso vai somando e somando mais, podendo um dia acabar num câncer ou Alzheimer. Tudo porque você está há anos e anos expondo o seu corpo e a sua mente à situações negativas trazidas pelos problemas e inseguranças dos outros. Você não é de ferro e nem imortal, não abdique de viver a sua própria vida e suas próprias necessidades. Aprenda a viver o agora realizando coisas boas exclusivamente para você e, também, para aquele que você escolher como o seu par amoroso que poderá dividir a vida com você até os últimos dias. Olha... Preste atenção: pare de imitar a sua mãe. Ela já viveu os melhores momentos que teve e pôde viver muito intensamente, e já cumpriu a missão dela com você. Mas você não precisa ser como ela. Os tempos são outros. A forma de cuidar, educar e proteger hoje são diferentes. O mundo evoluiu e o de hoje não é o de 40 ou 50 anos atrás. Será que você não enxerga isso para ser boa consigo mesma? Não vê que você faz o melhor pelos outros e não faz para si? É o fim da picada, viu! Pelo amor de Deus, cadê a compaixão consigo mesma? Se você não tem compaixão por si mesma ninguém terá por você. E não adianta ficar bravinha e sair batendo o pé no chão, resmungando pelos cantos da casa, lamentando que ninguém reconhece os seus esforços. Pare de ser mendiga em busca de reconhecimento, só porque você vive em função de satisfazer as vontades e escolhas dos outros. Como você rasteja e se submete, não é mesmo? Até faz pirraça, dá bronca e fica de mal. Só falta pedir para dar o dedinho para completar o ritual. Que horror! Como é infantil... Depois reclama que sua vida afetiva é uma porcaria, que você vive sempre na dúvida e na incerteza se vale mesmo a pena ter um relacionamento sério com um homem que você gosta. Está muito fácil de perceber e resolver, mas você reluta, não quer, é algo mais forte que move você e seus pensamentos, não é mesmo? É a missão. A sua missão. Aquela que foi dada por Deus e deve prevalecer sempre. É... Parece que essa sua energia está uma porcaria porque você deu tudo para os outros e você continua se negando a receber o que poderia ser bom ou diferente. Diante disso, você vai dormir esgotada e o seu sub-consciente fustiga a noite toda e você acorda pior do que quando foi dormir, aí, você briga e se afasta de todos que gostam de você, falo aqueles que se aproximam sem usar da chantagem emocional para obter vantagem, é claro, que querem apenas dar e receber amor e carinho, mas você nem nota. Geralmente o que causa isso, esse seu desânimo com a vida, esse seu sono e cansaço, é o vampirismo. Toda a sua vitalidade está sendo sugada sem que perceba. Ainda não notou como você fica quando está próxima das pessoas de casa? Esse fenômeno sempre é pior com as pessoas da sua casa ou do trabalho. Pare, observe e sinta as energias que emanam de você e para você. Engraçado isso, né? Porém é trágico para quem não se dá conta e não tenta mudar. Mas você continua assim mesmo, vai na velha toada. O outro sempre em primeiro lugar e nunca você. Como será reposta a sua energia que foi sugada? Acho que vai ficar sem ela e com as consequências que isso acarretará enquanto estiver nessa faixa que escolheu viver. Gerencie melhor seus sentimentos, suas observações, suas ações e liberte seu corpo, assim como a sua alma, para viver melhor, saia da mesmice e dessa obrigação escrava que impôs para si mesma. Repito aqui, de acordo com a minha visão, o que não se deve fazer: "sempre tentar resolver a vida dos outros ou esperar que outros resolvam a vida deles para você resolver a sua". Entendeu estrupício! Coisinha complicada é você. Arffff! Vai... Vai cuidar da sua vida. Mexa-se! Livre-se das más recordações e daquelas ações feitas por você ou pelos outros que poluem a sua mente e envenenam o seu coração. Liberte a si mesma e libere os outros das amarras para que vivam as próprias experiências com responsabilidade. A vida de cada um é única e pode ser vivida uma só vez. Não viva a vida dos outros pelos outros e nem deixe que controlem ou vivam a sua. Busque novas maneiras de encarar as pessoas e a realidade delas como sendo um novo aprendizado, pois o pássaro só aprende a voar quando ele sai do ninho e salta da beira do abismo em direção ao horizonte, que antes temido, passou a ser um destino lindo, inexplorado e maravilhoso.    



xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx


Por favor, deixe um comentário, pois essa ação fortalece o blog nos mecanismos de busca do Google. Isso fará com esse texto chegue para mais pessoas, algumas que talvez precisem dessas palavras.

   Se você gosta e valoriza esse tipo de trabalho poderá contribuir com qualquer quantia via Pix. 
Essa  é uma forma de incentivar o escritor a dedicar tempo e horas de trabalho na produção de novos textos. Agradeço a todos que lêem, incluindo os que possam ou não contribuir com esse humilde servo da escrita. Novamente muito obrigado por ter chegado até aqui.

Chave Pix: 11994029570 









    

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Pios De Coruja

   

  Numa noite de setembro o céu estava limpo e a lua crescente. O seu brilho marcava revelações de um amor com muita entrega, - bem além do habitual – sem contar, as experiências imaginárias de cada um com a magia romântica do luar, que sempre parece mais encantador no alto da serra.
      A porta da entrada rangia um pouco nas dobradiças, a noite não estava fria e nem quente, parei, ainda do lado de fora, e me acostumei com a claridade mínima do lado de dentro. - "Eu gostaria da escuridão total, mas para isso eu teria de voltar e recomeçar do zero, mas me pareceu impossível na atual circunstância da vida em que preciso usar óculos". Dei dois ou três passos e me aprofundei, até marcar o meu novo ponto para uma experiência romântica cheia de novidades.
     Fitei o ambiente repleto de ideias e sugestões, fiz até a metade, porque seria pedir demais que ele estivesse tomado por todos os cantos até o teto. Descobri que o tom azul-pálido que iluminava o céu foi capaz de produzir mais loucura do que medo durante a viagem, e assim prossegui com o olhar altivo e as mãos suando.
     Parei os pensamentos por um segundo e tentei respirar fundo, mas como sempre acontece, não consegui. Senti um enorme desespero pela ansiedade do passo seguinte.
     Olhei, desta vez a porta totalmente aberta atrás de mim, parecia que a lua ficou lá longe, me convenci de que não haveria perguntas inconvenientes e muito menos picuinhas. E para falar a verdade, se houvessem, eu não saberia o que responder, porque me vi perplexo diante da mesma conclusão que sempre volta quando penso nisso: estou completamente envolvido! 
     Então me pus a imaginar como seria se eu soubesse desenhar e alguém me pedisse um retrato seu. A resposta viria  rápidamente: não conseguiria nem que fosse com traços simples. No máximo ficaria limitado a um risco, a uma simples tentativa de intenções de traçar no papel a sua imagem que me cativa. E esse pseudo-desenho que nunca existiria seria como uma espécie de arrependimento, uma declaração de que ainda não a conheci o suficiente para poder desenhar uma imagem fiel aos seus traços físicos magníficos.
      Certas coisas quando faladas dessa maneira, podem até dar a impressão de nunca termos conseguido construir um enredo consistente o suficiente para irmos além da vida comum. Mas somos criativos, isso somos, é óbvio! 
       Parece bem simples quando dito assim. Mas ainda há tantos pontos difíceis para se apoiar e ter a verdadeira convicção para acreditar que um dia ainda seja possível irmos adiante no que temos...
     Voltando ao tal desenho, digo o seguinte: além de todas as dificuldades que chegam no dia a dia, seria preciso que eu fosse dotado de uma memória poderosa para guardar tantos detalhes, ou cada particularidade dos seus trejeitos depois de tantos anos - para desenhar, riscar, rabiscar e não deixar tudo parecendo um rascunho mal acabado.
      De volta à serra: olhando de dentro do quarto para fora, o horizonte estava escuro e vazio, bem quieto e sem surpresas. No entanto, por mais estranho que parecesse, desta vez o silêncio não apenas me impacientou, como até mesmo me tranquilizou. Essa circunstância trouxe a serenidade, que por sua vez refletiu uma nova dimensão ao meu perfil de outrora, contraposto ao fundo do céu e da lua brilhante, o que fez meus olhos cintilarem com o fogo da paixão.
      Continuei assim por um bom tempo. De repente, me dei conta de que não entendia o que pensava. Voltei ao princípio e comecei de novo, mas não cheguei a um acordo comigo mesmo. Percebi então que estava muito tenso, com várias partes do corpo em contração, em especial o pescoço e o ombro esquerdo. Eu ri de mim mesmo ao descobrir o motivo do incômodo: toda a minha atenção deixara de pertencer à lua crescente maravilhosa e se voltara para você. Talvez alguém me chamasse de louco se soubesse o que eu pensei naquele exato momento. Poderia inclusive pensar que lá dentro de mim tivesse algo extraordinário ou, quem sabe, trivial, e ao acaso, me olhando de rabo de olho, houvesse algo excepcional em meus  pensamentos para ser chamado apenas de diferente. 
      Bem... Imaginei: "- Melhor deixar essas tolices de lado e parar de fazer conjecturas, me sinto cada vez mais ridículo tentando tirar conclusões definitivas sem testar as coisas antes'. Em seguida fui eu a arriscar o olhar, mas não de rabo de olho, foi firme e com um grave desvio de cabeça para a direita. Então eu a vi. Estava com os olhos fixos em mim se mantendo por algum tempo. A distância entre nós era suficiente para que eu percebesse que o seu nariz sempre teve contornos parecidos ao meu. Voltei a olhar a lua e você me acompanhou, ficamos na mesma posição por um longo instante. 
     Em seguida você se virou e tentou percorrer o corredor das minhas ideias deixadas para trás. Apontei para a escuridão e prossegui no jogo, feito uma criança encantada com o brinquedo novo que acabou de ganhar. Você arqueou-se e iniciou um sorriso. Pareceu uma coisa tão sem importância, tão boba, e de repente, sem que eu pudesse dominar, abriu-se um fluxo para lhe receber: uma trilhazinha estreita, tímida, mas capaz de fazer disparar o coração e propor à imagem desse afortunado o olhar adiante como se jamais houvesse vida antes.
       Eu, pela segunda vez naquela noite, a vi; pensativa, séria, examinando um ponto indefinido no meu semblante, explorando o corredor das ideias imediatas e os degraus das minhas memórias. Não me movi e continuei a olhar o seu perfil sutilmente questionador e passageiro. Mas novamente passou e logo chegou novos sorrisos. Ficamos perdidos um no outro, mirando como se nada mais existisse no mundo, ou como se a nossa vida se resumisse a pedaços de marshmallows no espeto parcialmente derretidos no fogo de brasas da lareira. Se alguém me pedisse uma definição menos absurda, eu não saberia como dá-la. Mas nunca deixo de pensar que o instante de olhar a lua ao seu lado, seja qual for o significado, é um desses mistérios infinitos do Universo; o qual se iguala a dois pares de olhos fixos um no outro, tentando se conhecer melhor e, pouco a pouco, se entendendo, para depois penetrar ao fundo da retina e se entregar ao prazer. 
      O movimento das mãos e lábios molhados, era como se me dissessem, fique quieto, fique aí, não diga nada, não queira nada, não pense em nada; eu adivinharei o que você precisa; deixe os detalhes por minha conta; nem sequer viva, eu farei por você; observe e sinta meus movimentos; faça com todos os seus sentidos e por sua existência inteira, estamos sob a luz da lua encantada e aquecidos com a chama da lareira. Agora você está comigo e a paz nos acompanha, a ansiedade inicial desaparecerá lentamente sob seus olhos.
       Seguiu-se um beijo longo, quase cruelmente tentador, que fez segundos parecem horas. A minha respiração foi se amainando, os pensamentos se estabilizando, ficando mais suaves, profundos, até o limite possível de lembrar que um dia, lá atrás, por um motivo tolo, o peito estava apertado.
      De repente, ela se moveu e se colocou ao meu lado, segurou a minha mão enquanto continuávamos banhados pelo calor das últimas brasas e disse:
       “Agora está tudo bem?”
      Fiz que sim com um aceno, levantamos e demos dois ou três passos à frente e ela continuou:
      “Nós comemos, bebemos e cuidamos das nossas coisas, agora vamos encarar um novo desafio? É o destino de cada um que deve ser somado”.    
      Fez-se um longo silêncio, durante o qual nos olhamos com brilho nos olhos, mas sem uma expressão definida no rosto. Ela suspirou, largou a minha mão e retornou até a porta para observar a escuridão que a lua crescente insistia em tentar iluminar. Eu passei por ela e me postei na pequena varanda, sentei-me na mureta para me perder apurando os sentidos enquanto ouvia vários pios de coruja vindo das árvores. Tentei imaginar a vida com novas modificações, novos modos de agir, anseios e movimentos. E aos poucos fui ampliando o olhar para as pequenas coisas, aquelas mesmo! As quais sempre havia sido alertado e nunca parei para observar. Dessa forma tentei chegar às maiores e depois de volta às pequenas, juntando tudo para depois separar - esperando para o que viesse desse futuro imaginário, deveras promissor, feito por um raro momento de quando alguém sente um aperto no peito e olha ao redor com atenção, absorve todas as energias e raras experiências trazidas pelo destino.  Experiências tais e quais podem apenas ser proporcionadas aos sonhadores e corajosos que se atiram. E assim podem sentir-se completos, através da magia da lua crescente de setembro, juntamente com a sonata noturna de pios de coruja que envolvem mistério, inteligência, sabedoria e conhecimento um do outro.

Por favor, deixe um comentário, pois essa ação fortalece o blog nos mecanismos de busca do Google. Isso fará com esse texto chegue para mais pessoas, algumas que talvez estejam precisando dessas palavras.

   Se você gosta e valoriza esse tipo de trabalho poderá contribuir com qualquer quantia via Pix. 
Essa é uma forma de incentivar o escritor a dedicar tempo e horas de trabalho na produção de novos textos. Agradeço a todos que lêem, incluindo os que possam ou não contribuir com esse humilde servo da escrita. Novamente muito obrigado por ter chegado até aqui.

Chave Pix: 11994029570 








quarta-feira, 9 de abril de 2025

Pequena Prosa Filosófica Em Tempos Difíceis

   
Finalmente!!!! O ciclo está se completando e tudo ficando às claras. 
    O que era extremamente previsível para alguns segue por direções opostas. 
   Aqui e agora, por um lado, representa todo o sofrimento e por outro a glória de se manter vivo. É o grande processo do encontro de um sonho de uma vida melhor com o choque de realidade - a vida de cada um retratada em uma notícia nova com discurso antigo no jornal. Ou em uma frase perdida que lateja na mente dos inconformados.
         Todos os anseios, necessidades, impotência, desilusões e desejos estão representados nessa trama nada fictícia. Dela poderia surgir a divina fonte de sabedoria em busca de reconhecimento através de sacrifícios e da força do pensamento daquilo que é justo. 
       Das profundezas escuras da mente chega toda a riqueza de detalhes desses anseios. E por mais que haja uma inaptidão ao encarar a cruel realidade, essa de carne e osso em que vivemos dia após dia, sempre irá prevalecer o lindo mistério em busca de um mundo diferente. Um mundo de terra firme onde todo o encanto se refaz, em vez de ser sequestrado e torturado até definhar pouco a pouco. Talvez não seja fácil relembrar momentos bons do passado ou fazer as pazes com esse presente machucado. No entanto a grandeza do desafio parece a melhor hipótese para seguir com pensamento positivo. Isso  por saber que todo aquele que busca uma causa justa, a qual se devota ou se sacrifica literalmente, recebe a recompensa em vida ou reconhecimento depois dela. É isso que cria o êxtase do qual os covardes nunca participam. Pois a tendência a se integrar consumando o ciclo dessa virtude é para poucos. Pois tudo que nasce morre e tudo que se cria acaba, mas alguns não percebem essa seqüência natural exige nobreza de espírito. 
     Ao ligar todos esses elos; vemos com surpresa todas evidências que demonstram que o nosso pensamento pertence ao cosmos e derivam pela atmosfera agindo em uma sutil comunhão, quando grande parte da população que se sente afetada por injustiças pensa igual. Os mais profundos sentimentos mudam todo o tempo através dessa “simbiose” entre a imaginação do que seria certo e o desejo do que é objetivo na realidade. Vemos nisso um elemento fortemente teatral que desafia a mente e rege o espírito quando nos defrontamos com opiniões muito parecidas com as nossas, mas que não tem um elo que leve até uma ação em conjunto de fato. No entanto o bicho-de-sete-cabeças pode ser muito simples de lidar saindo da inércia. 
      Mais cedo ou mais tarde cada um terá que pagar por violações, sejam à natureza, ao outro ser humano como sendo um igual,  aos animais indefesos e, acima de tudo, aos aprisionados e torturados que pensam diferente. 
     Pois é... o ritmo da vida atual anda contra cada um de nós e a favor de quem têm o poder de determinar leis e mudanças. Por essa vida e pela luta contra quem as determina é que nos submetemos. Gritamos fortemente os desejos que alimentamos nesse incrível mundo invisível dos mandos e desmandos de quem recebeu a confiança de milhões para tal. Sobrevivemos através do esforço que cada um de nós demonstra e dos segredos que cada um deles esconde. Talvez seja isso  o que nos torna inteiros, levando nosso olhar além da escuridão que nos encobre pouco a pouco. Assim estamos e permanecemos no lugar mais difícil para ficar: a inércia. 
      Talvez, o estado de coisas atual, seja uma descoberta improvável para muitos que tinham fé. Pois cada um é fiel ao propósito de apenas pertencer a si mesmo e fazer por si, achando que desse modo faz o melhor pelos outros. Alguns, inclusive, conseguem renunciar a tudo que não seja sua própria autenticidade, sem qualquer constrangimento ao prejuízo alheio.
     E de outro modo, milhões que um dia acreditaram e mantiveram a fé em busca de algo melhor, sonharam com dias melhores - com toda a sinceridade de quem vive, sofre e compartilha dificuldades, e acredita - como se apenas sonhar fizesse surgir do nada um salvador no lugar de um tirano. 
       Essa é a história do povo brasileiro e seus mandatários. O povo que vive acreditando em seus sonhos de tempos melhores. Uma jornada que sempre foi de fé, luta, sentimentos contraditórios e conquistas. Com momentos do passado que fizeram parte da construção da liberdade que atualmente está em risco.
     Talvez em meio a essa prosa filosófica em tempos difíceis apareça um momento de lucidez em alguém, ou em toda a nação, para mudar o estado de inércia desse povo.


Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Por favor, deixe um comentário, pois essa ação fortalece o blog nos mecanismos de busca do Google. Isso fará com esse texto chegue para mais pessoas, algumas que talvez precisem dessas palavras.

   Se você gosta e valoriza esse tipo de trabalho poderá contribuir com qualquer quantia via Pix. 
Essa  é também uma forma de incentivar o escritor a dedicar tempo e horas trabalho na produção de novos textos. Agradeço a todos que lêem, incluindo os possam ou não contribuir com esse humilde servo da escrita. Novamente muito obrigado por ter chegado até aqui.

Chave Pix: 11994029570 




Coração Puro

      Um dia, novamente nos encontraremos para um passeio, com o pensamento tranquilo e o coração puro.   Nós caminhamos por muita...