quinta-feira, 16 de agosto de 2018

O Pecado Capital Parte 07

                                                  EPISÓDIO 7 (Gozo)                               
                     
       Cá estou eu! Depois de ter me vestido e demoradamente saboreado o café da manhã, decidi de repente que era melhor ficar sozinha e então, muito sutilmente, sentada na beirada da cama, segurei a mão dele e pensei em dar adeus. 
     No mesmo instante, antes de soltar uma palavra, me senti sozinha no mundo, sozinha como a gente só sente em momentos de extrema indecisão. 
     Não pensava em coisa alguma, apenas na paz que poderia desfrutar até o tempo que eu quisesse. 
     Estava tomada por uma sensação de alegria e comecei a berrar exatamente como faz uma mulher insana. 
     Era inexplicável a tal sensação de gritar sem quem ninguém ouvisse e, ao mesmo tempo maravilhoso, muito maravilhoso mesmo sentir-se completamente só! Tão o mais estimulante que aqueles intermináveis segundos que se prolongam antes do orgasmo. 
     Se Léo, do nada brotasse do chão, das paredes, ou tivesse aparecido de qualquer lugar nesse momento, talvez não o tivesse reconhecido. 
     Eu me tornara uma estranha absoluta em meio a minha própria solidão. 
     Se nesse instante todos os homens mais lindos do mundo fossem trazidos nus à minha frente, exibindo-se como gorilas de circo balançando seus membros enormes e eretos apontando para o céu, e fosse para eu escolher um, eu não teria nem reparado. Eu já tinha conseguido há pouco tempo o que nenhum outro "pau" seria capaz de me dar. O silêncio e a calma interior.  
     Isso acontecendo agora parece bastante estranho, pois algumas horas antes eu estava me contorcendo e gemendo no meio de uma transa praticamente perfeita, indo por cima e por baixo do corpo nu de Gustavo. 
     No meio da madrugada ele parecia ter saído de um sono pesado quando percebeu que eu comecei a beijá-lo apaixonadamente e fui dando mordidas na pontinha da orelha, seguindo para o pescoço, descendo pelo peito e ao mesmo tempo enroscava minhas pernas nas dele. 
     Ele murmurou alguma coisa sobre ajeitar o corpo, mas eu não quis me arriscar a deixar que escapasse de meus braços e pernas estrategicamente colocados. 
     Percebi que o "pau" já estava bem animado e em posição. Comecei acariciá-lo tão sutilmente com as mãos como se seguisse o ritmo de um blues arrastado. Notei que ele estava adorando a ideia do meu dedilhar em seu "pau" enquanto ainda estava meio dormindo e não abriu os olhos uma única vez - e a medida que ficava mais consciente seus músculos de todo o corpo iam se mostrando sob a carne pálida da meia-luz. 
     De um instante para outro o corpo dele ficou quente como o inferno e para minha surpresa ele abriu os olhos e acariciou meu rosto com a ponta dos dedos e disse sussurrando: "Gostaria que esse momento durasse eternamente. Dá uns uns beijinhos "nele"!". Atendi o pedido e comecei a acariciá-lo com a língua. O corpo de Gustavo começou a se esticar e se contorcer discretamente enquanto eu apertava a cabeça do "pau" com meus lábios e graciosamente brincava de pôr e tirar na boca. Nesse momento nem me atrevi a pensar no que ele estaria imaginando de mim ou quais seriam seus desejos seguintes. Eu pensava apenas que ele não poderia acabar logo porque eu queria demorar o tempo que fosse lambendo, chupando e fazendo o vai-e-vem até que meu pescoço travasse. 
     Às vezes parecia que ele chegava perto de gozar mas se segurava como podia num esforço de digno de Hércules ou usando de alguma tática que era intimamente sua, como um atleta se preparando para a grande prova do dia. Finalmente, depois de várias explorações com lábios, língua e dentes, e de encaixes bocais de todo o tipo, ele gozou. Foi um daqueles longos e intermináveis esguichos que parecem que vão até o teto. Apertei a boca ali com tamanha firmeza que não permiti que nenhuma gota a mais caísse ao chão ou se desperdiçasse no lençol. Tive a presença de espírito de ir guardando na boca e engolindo aos poucos um esguicho atrás do outro, até que mais nada saísse. Eu estava com a boca cheia de porra e com uma vontade louca de esfregar tudo aquilo em meu rosto, meu peito e no corpo todo para no final rir bem alto por que vi que ele estava ficando com "pau" em espasmos, como se quisesse espirrar mais porra em mim. 
    Foi quando no meio do negócio todo ele deslizou a mão e foi alisando e contornando a minha bunda de trás para frente até encaixar a ponta do dedo dentro da minha boceta hiper-molhada. 
     Ele estava grudado em mim, me fodia com o dedo e massageava o clítoris com a palma da mão como quem massageia uma bicho de pelúcia novinho. 
     Entrei num estado de êxtase indecifrável e fui tomada por um mistério de desorientação e reorientação, de subidas e descidas e de foguetes disparando enquanto ele enterrava os dentes na minha carne e me unhava superficialmente sem machucar. 
     O ar do quarto se tornou pesado quando senti que ele empurrou três dedos dentro de mim e os fazia trabalhar como se estivesse dando cartas num jogo de baralho. E antes que eu pudesse pensar ou dizer alguma coisa eu já sentia mais, eram quatro dedos dentro de mim e minha boceta tão molhada que fazia o líquido escorrer até o colchão. Consegui perceber que ele estava novamente de olhos fechados, tinha a boca meio-aberta como se estivesse conversando consigo mesmo sobre como me levar à loucura. Era como se ele estivesse programando a si mesmo para uma transa inesquecível. Não havia dúvida, eu estava dominada, docemente dominada e absorvida numa sensação que me levava ao ponto de nem saber o que fazer, exceto ficar quieta e manter a bunda erguida o suficiente para a posição confortável dos dedos lá dentro, sem bloquear os movimentos.  
     Não é sempre que se arranja um homem capaz dessas coisas, de se preocupar com a mulher e seus prazeres. Em seguida, com muita delicadeza e suavidade, ele subiu sua mão pela minhas costas e foi falando em voz baixa e aveludada o quanto eu era importante para ele. Dentro de mim havia megafones que gritavam: "Me fode mais, me fode mais, me fode até que meu útero fique em brasas!". 
     Depois de horas de todo esse movimento, sem o menor aviso, olho ao redor e não compreendo verdadeiramente nada do que está acontecendo, nem do meu próprio comportamento e muito menos se tudo que faço é certo ou considerado maluquice. 
        Pouco a pouco me lembro que fui obrigada a romper com a família e com algumas pessoas do passado, e que também fui obrigada a levantar a seguir meu caminho. E assim, tão real quanto num sonho, estou fechada num buraco negro tentando me mostrar ao mundo através da criatura que me tornei, inclusive por adorar sentir o cheiro maravilhoso que exala do ato sexual. 
     Estou pronta para o que der e vier. 
    Mantenho um monte de fantasias, ilusões e obsessões perversas, enquanto reúno pedaços soltos de delírios histéricos, devaneios, frases inacabadas e até desejos mórbidos. 
    Encontro de vez em quando nos olhares furtivos, conversas dispersas e gestos interrompidos. 
    Quanto mais submissa eu sou nesse momento, mais dedicada ao ato me mostro, quanto mais abandonada pareço, mais incerta eu fico. 
    Não há começo, nem fim, não há como resistir. 
    É enlouquecedor e alucinante. 
    Estou reduzida ao máximo da passividade com a conveniência do gozo dos deuses e também dos demônios que assolam a minha mente. 
     Depois de tudo há a realidade e a calma de cada passo nos olhos penetrantes e na disparada hipnótica dessa corrida que ninguém poderia parar. 
    Por isso que às vezes decido que o silêncio é a melhor saída quando me convenço que sou culpada e que isso basta para me arruinar. 
     No momento seguinte ouço o riso maníaco da ave migratória que busca instintivamente o seu destino. Vem de longe e é tão assustadora e tão absurda como o riso dos músculos que saltavam com extraordinária beleza na madrugada. 
     Tenho agora os grandes lábios inchados e a ideia de que nunca fizera o que desejava e por não fazer o que desejava cresceu dentro de mim essa interminável sensação do voo dos pássaros livres. 
    Acho que desde o começo fui independente, mas de uma maneira falsa. Não queria ter ninguém controlando minha vida e desejava a liberdade de fazer ou "dar" para quem eu quisesse e quando quisesse, ou apenas no momento que sentisse vontade de satisfazer meus caprichos sem culpa - essa sempre foi a ideia pela qual lutei para a minha independência. 
    A maioria das pessoas se revolta ou finge se revoltar por não terem coragem, mas eu não dou a menor importância a isso agora. 
    Os meus princípios se baseiam no esforço de ser eu mesma, ainda que alguns achem que tudo o que faço seja futilidade. 
    E se alguém me acusar de fútil, mais isso ou aquilo que acharem que sou, eu nego, pois nasci assim e não se pode arrancar essa veia de mim. 
    Durante anos estive a ponto de fazer essa descoberta, mas sempre fugia da questão por medo. 
    Na verdade nunca consegui imaginar alguém que conseguisse falar sinceramente 100% das descobertas que fez de si próprio. Acho que por isso nasci uma contradição na mais pura essência da palavra. 
    Eu não sabia disso, era sorte minha não saber e ser ignorante até então, porque agora só quero ser feliz e encontrar o equilíbrio perdido através das minhas inquietações.




5 comentários:

  1. Estranho dela se contentar em satisfazer o parceiro com sexo oral! Ele apenas enfia os dedos, como se isso substitui a mesma excitação e orgasmo que a balzaquiana o fez sentir e é um ato de egoísmo por parte dele, não retribuir ao mesmo ato sexual . Dá preguiça e sono ter como parceiro assim, sem trocas.

    Andrea Cardoso

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  2. Lendo o texto descrito por você, não acredito que ela tenha se satisfeito com os dedos. Forma machista e provinciana de pensar seu autor. O prazer sexual é além dos dedos, como descreveu no texto. Paula

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  3. Ahhh como é bom satisfazer um homem com um sexo oral bem feito, homem de sorte por saber sentir esse prazer aos quais muitas mulheres deveriam de praticá-lo, o prazer de sentir alguem lhe massagenando com os dedos te sentindo fazendo você de masturbar olhando olho a olho. Ahhh você descreveu muito bem os desejos entre duas pessoas que se conhecem muito bem e se atraem. Parabéns

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  4. Verdade se ela se contentou com os dedos do cara, quem somos nós pra criticar. Cada um dá o que tem e o pior algumas aplaudir o texto dizendo que só quem conhece intimamente terá essa magnitude do auge do orgasmo. Desculpe, gargalhei alto.
    Joyce

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  5. Patricia Ramos Sodero7 de setembro de 2018 às 00:51

    Boa noite,Sr.Autor!Um capítulo um tanto quanto esclarecedor ao que se refere as atitudes de Sarah.Uma mulher que deixa seu passado influenciar o presente,a todo momento,e que sente-se entregue ao amor de um homem que a faz submissa,atitude oposta ao que se diz respeito pelo o que vivia com o Léo.Mas sentia-se bem;tinha prazer.Na verdade,o que buscava era a sua liberdade de sentir e fazer o que bem entendesse.Enfim,em meio ao sentimento de solidão,sabia que podia "contar"com a presença de um homem que lhe era gentil,e que de uma certa forma,lhe trazia felicidade.Cada vez mais,os mistérios da vida de Sarah vão sendo revelados.
    Muito bom!Espero o próximo,já bem ansiosa aos acontecimentos.Bjs...

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